São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2001

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Cavallo tem novo dia de insucessos no FMI

DE WASHINGTON

Domingo Cavallo saiu ontem de suas reuniões com o Fundo Monetário Internacional sem um novo acordo financeiro e com a sugestão de que serão necessários novos sacrifícios de gasto público na Argentina. Cavallo, desde sexta-feira em Washington, voltou para Buenos Aires.
O país espera receber a liberação de parcela do empréstimo anterior acertado com o Fundo ou dinheiro de um novo programa de socorro financeiro. Sem o dinheiro, a Argentina pode dar o maior calote da história financeira mundial ainda este ano.
O ministro da Economia argentino disse ainda que está adiada a renegociação da dívida com credores externos até que se feche novo acordo com o FMI.
"Concordamos que precisamos cobrir o déficit fiscal e que será necessário adotar decisões políticas. É preciso mostrar apoio político necessário para convencer o FMI e a comunidade financeira internacional", disse o ministro.
A viagem de Cavallo foi ainda mais infrutífera devido ao fato de o ministro não ter se reunido nem com a cúpula nem com a diretoria do FMI, com poder de decisão.
David Hawley, porta-voz do FMI, informou à Folha que as conversas com Cavallo foram solicitadas pelo ministro argentino e têm como único objetivo debater os motivos levantados pelo Fundo para congelar os empréstimos.
Segundo os mercados, esses empréstimos trariam os únicos recursos disponíveis para evitar um calote da dívida externa argentina ainda este ano. Só em dezembro, o país terá de pagar 722 bilhões a credores externos.
Antes de ir ao FMI, Cavallo encontrou-se com Charles Dallara, diretor-geral do IIF (Institute of International Finance), centro de estudos financiado pelos maiores bancos do mundo.
Na última década, o instituto tem criticado com virulência países que decretam moratória e acusa o FMI de ter instigado o Equador a suspender o pagamento de suas dívidas em 1999 - algo que, segundo investidores, estaria se repetindo na crise argentina. Alguns dos principais financiadores do IIF são credores do país.



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