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ANÁLISE/ECONOMIA AMERICANA
Além de equipe, Bush precisa de rumo econômico
DO "FINANCIAL TIMES"
Paul O'Neill tinha de partir. E o
mesmo vale para Larry Lindsey.
Ambos são, de maneiras diferentes, homens capazes. Mas nenhum dos dois inspirava a confiança necessária. No entanto, essas saídas forçadas de pouco valerão caso os substitutos sejam
igualmente inadequados e o governo dos Estados Unidos continue pouco disposto a promover
uma polícia econômica coerente.
Quando O'Neill foi indicado como secretário do Tesouro, há dois
anos, o "Financial Times" argumentou, controvertidamente que
"teria sido melhor que o presidente eleito Bush tivesse escolhido um secretário do Tesouro que
não precisasse provar sua credibilidade". O'Neill terminou por solapar repetidas vezes a pouca credibilidade que ele veio a adquirir.
Uma franqueza que quase todos
apreciam em um cidadão privado
é intolerável no detentor de um
cargo importante. Bastava essa
razão para que a saída dele fosse
uma necessidade.
Mas seria injusto imputar os
fracassos apenas aos dois principais membros da equipe. Pessoalmente, eles impressionavam menos e tinham menos influência do
que seus colegas nos setores de
política externa e de segurança.
Mas nenhum dos dois merece ser
responsabilizado pelas dolorosas
conseqüências da bolha que se
desenvolveu nos mercados de
ações durante os anos Clinton. E
nem lhes cabe culpa, ao contrário
do presidente, pela politização da
administração econômica.
A equipe econômica foi indicada com o objetivo de ajudar na
aprovação de um grande corte de
impostos. Em curto prazo, o corte
ajudou a economia. As consequências de longo prazo são causa
de preocupação, dado o imenso e
possivelmente duradouro desvio
rumo ao déficit fiscal. Um déficit
estrutural de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2001 se tornará um déficit de 2,7% em 2002.
A decisão de mudar o pessoal é,
acima de tudo, uma oportunidade de reconsiderar as políticas
adotadas. Ninguém espera que
esse governo se torne seriamente
ativista em termos econômicos,
em casa ou no exterior. Mas a nova equipe precisa desenvolver e
promover idéias para a reforma
tributária; injetar urgência na reforma da governança corporativa, contabilidade e operação dos
mercados financeiros; dominar as
discussões sobre a reforma do sistema financeiro internacional e
do FMI; e conduzir o envolvimento norte-americano no futuro da
assistência mundial ao desenvolvimento. No momento, porém, o
governo parece ser mais observador que participante na política
econômica mundial.
A sobreposição desnecessária
entre as funções do presidente do
Conselho de Assessores Econômicos e o presidente do Conselho
Econômico Nacional precisa ser
eliminada. Mas a primazia deveria ser dada a um secretário do
Tesouro com a influência e o intelecto necessários ao posto. Pois,
excetuado o presidente, só o Tesouro fala pelos Estados Unidos
quanto à economia.
O novo secretário precisa de três
qualidades: compreensão da economia; noção de como se comportam os mercados financeiros;
e a capacidade de conquistar o
respeito do presidente, do Congresso, de Wall Street, dos cidadãos comuns e das autoridades
internacionais. Há poucas pessoas capazes disso. Mesmo assim,
indicar as pessoas certas é só o começo. O presidente precisa também entender por que a política
econômica é importante. Sem estabilidade e prosperidade, seu governo fracassará.
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