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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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Expectativa de corte maior dos juros cresce com recuo na produção

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As instituições financeiras dão como certo que o Copom (Comitê de Política Monetária) irá reduzir novamente os juros básicos na reunião da semana que vem. A dúvida é em relação à intensidade dessa redução.
Após o resultado negativo da indústria em outubro, ganhou força no mercado financeiro a aposta de que o Copom irá cortar a Selic (hoje em 17,5% ao ano) em 1,5 ponto percentual. Há mais de duas semanas os juros futuros têm fechado em baixa na Bolsa de Mercadorias & Futuros.
O contrato DI (que considera as taxas das operações entre os bancos) que projeta os juros para a virada do ano encerrou o pregão de ontem com taxa de 16,61%, ante 16,68% no fechamento da última sexta-feira. Há um mês, esse contrato tinha taxa de 18%.
"O atual patamar dos juros mostra que parte do mercado já se posicionou para um corte de 1,5 ponto percentual na Selic. A tendência dos juros futuros ainda é declinante", diz Sérgio Machado, da Santa Fé Portfólios.
Os negócios têm sido muito movimentados na BM&F. A média diária de contratos negociados na primeira semana do mês ficou em 337 mil. Em novembro, o giro diário foi de 282 mil.
Desde a divulgação do PIB do terceiro trimestre (0,4%), no fim de novembro, que veio mais fraco que o esperado, o mercado passou a acreditar na possibilidade de a Selic recuar para 16%.
Como os dados referentes ao terceiro trimestre mostraram uma economia menos aquecida que as projeções das instituições financeiras, o mercado passou a ver espaço para que o Copom reduzisse mais fortemente os juros, como forma de estimular o crescimento. Os dados referentes à produção industrial de outubro reforçaram essa aposta.
Desde que a inflação começou a dar sinais de estar perdendo força, no final do primeiro semestre, o BC passou a reduzir os juros. A Selic caiu de 26,5% em maio para os atuais 17,5% ao ano.
Para o próximo ano, as apostas são que os juros ainda vão cair, mas de forma mais lenta.
"Os juros devem estar em torno de 14% no fim do primeiro semestre de 2004. Com isso, os cortes no próximo ano devem ser pequenos, de 0,5 ponto percentual em cada mês", afirma Machado.
O contrato DI com prazo de vencimento em 180 dias encerrou os negócios de ontem com taxa de 15,60%. Descontado o cerca de um ponto percentual que os contratos embutem como prêmio, a projeção do papel é que a taxa estará em torno de 14,5% em julho.
O que interessa ao governo são os juros reais -taxa de juros descontada justamente a inflação de determinado período (hoje, em cerca de 11%).


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