São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Hidrelétricas são ameaça à floresta, diz ambientalista

Embora admitam a exploração como inevitável, entidades dizem que pode haver impacto sobre a vegetação e a atmosfera

Construir pequenas usinas hidrelétricas ou explorar energia renovável, como a eólica, seriam alternativas, segundo o Greenpeace

Luiz Carlos Murauskas - 25.nov.04/Folha Imagem
Obras da barragem da usina de Tucuruí, no Pará, considerada a maior hidrelétrica 100% nacional


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A exploração do potencial de energia hidrelétrica na Amazônia não chega a ser um tabu, mas é vista com preocupação por grupos ambientalistas ouvidos pela Folha. Os argumentos vão dos impactos de grandes usinas sobre a floresta e a atmosfera até a possibilidade de os empreendimentos esbarrarem em unidades de conservação ambiental e em territórios indígenas.
"Isso nos causa preocupação", disse Raul do Valle, coordenador do ISA (Instituto Socioambiental). "Não seria razoável dizer que o potencial energético da Amazônia não pode ser explorado, tampouco que pode ser explorado de qualquer jeito: essa é uma equação a ser resolvida."
Ricardo Baitelo, do Greenpeace, argumenta que as hidrelétricas, embora poluam menos do que as usinas térmicas a carvão e óleo e nucleares, enfrentarão grande resistência na Amazônia. "Não será tão fácil implementar esses projetos", insiste.
O Greenpeace leva em conta o cenário de demanda crescente de energia no país, mas defende a construção de pequenas usinas e reformas em hidrelétricas já existentes, além da exploração de energias renováveis, por meio de usinas eólicas (movidas pelo vento).
Alimentarão o debate estudos desenvolvidos nos últimos anos e que apontam o risco de hidrelétricas na Amazônia produzirem gases de efeito estufa em decorrência de características do solo e do clima da região.
"Tudo vai depender do local e da tecnologia que vão escolher", observa Alexandre Kemenes, pesquisador do LBA (Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia), programa que reúne várias instituições e conta com financiamento do Ministério de Ciência e Tecnologia.
"O país precisa de energia, e toda forma de energia vai poluir: a questão é como as hidrelétricas serão feitas", argumenta Kemenes, autor de tese de doutorado que apontou, em 2005, fatores que provocariam a emissão de carbono em hidrelétricas construídas na Amazônia.
O Ministério do Meio Ambiente informou que questões ambientais são levadas em conta na identificação do potencial hidrelétrico dos rios da região coordenada pelo Ministério de Minas e Energia.
(MS)


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