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Hidrelétricas são ameaça à floresta, diz ambientalista
Embora admitam a exploração como inevitável, entidades dizem que pode haver impacto sobre a vegetação e a atmosfera
Construir pequenas usinas hidrelétricas ou explorar energia renovável, como a eólica, seriam alternativas, segundo o Greenpeace
Luiz Carlos Murauskas - 25.nov.04/Folha Imagem
| Obras da barragem da usina de Tucuruí, no Pará, considerada a maior hidrelétrica 100% nacional |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A exploração do potencial de
energia hidrelétrica na Amazônia não chega a ser um tabu,
mas é vista com preocupação
por grupos ambientalistas ouvidos pela Folha. Os argumentos vão dos impactos de grandes usinas sobre a floresta e a atmosfera até a possibilidade
de os empreendimentos esbarrarem em unidades de conservação ambiental e em territórios indígenas.
"Isso nos causa preocupação", disse Raul do Valle, coordenador do ISA (Instituto Socioambiental). "Não seria razoável dizer que o potencial
energético da Amazônia não
pode ser explorado, tampouco
que pode ser explorado de
qualquer jeito: essa é uma
equação a ser resolvida."
Ricardo Baitelo, do Greenpeace, argumenta que as hidrelétricas, embora poluam menos do que as usinas térmicas a
carvão e óleo e nucleares, enfrentarão grande resistência na
Amazônia. "Não será tão fácil
implementar esses projetos",
insiste.
O Greenpeace leva em conta
o cenário de demanda crescente de energia no país, mas defende a construção de pequenas usinas e reformas em hidrelétricas já existentes, além
da exploração de energias renováveis, por meio de usinas
eólicas (movidas pelo vento).
Alimentarão o debate estudos desenvolvidos nos últimos
anos e que apontam o risco de
hidrelétricas na Amazônia produzirem gases de efeito estufa
em decorrência de características do solo e do clima da região.
"Tudo vai depender do local
e da tecnologia que vão escolher", observa Alexandre Kemenes, pesquisador do LBA
(Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia), programa que reúne várias instituições e conta com financiamento do Ministério de
Ciência e Tecnologia.
"O país precisa de energia, e
toda forma de energia vai poluir: a questão é como as hidrelétricas serão feitas", argumenta Kemenes, autor de tese de
doutorado que apontou, em
2005, fatores que provocariam
a emissão de carbono em hidrelétricas construídas na
Amazônia.
O Ministério do Meio Ambiente informou que questões
ambientais são levadas em
conta na identificação do potencial hidrelétrico dos rios da
região coordenada pelo Ministério de Minas e Energia.
(MS)
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