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JORGE GERDAU JOHANNPETER
Prosperidade econômica e voluntariado
O voluntariado é a chave
para o desenvolvimento; utilizá-la depende apenas da vontade de cada um
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AO LONGO da história, atividades fundamentais para o desenvolvimento de sociedade
-responsabilidade pela segurança
da população e acesso à educação e
à saúde- passaram a ser delegadas
ao Estado. Até mesmo o sentimento de solidariedade foi terceirizado
para o Estado.
Ao delegar, caro leitor, transferimos a responsabilidade para o outro e temos uma aparente sensação
de libertação, mesmo que absolutamente momentânea. Porém, no
Brasil, chegamos a um ponto em
que, embora paguemos ao Estado
por essa terceirização, ela simplesmente não funciona.
Felizmente, há uma consciência
crescente que força a sociedade a
rever seus problemas de forma a,
pelo menos, atenuá-los. O trabalho
voluntário, celebrado internacionalmente nesta semana, é um
exemplo de resgate da solidariedade. Iniciativas como a "Parceiros
Voluntários", o "Rio Voluntário", o
"Faça Parte" e tantos outros que
atuam na área mostram o enorme
potencial que o Brasil possui.
Organizações sociais têm a habilidade de desenvolver projetos de
qualidade, com pessoal bem qualificado e custos reduzidos. Estimemos que cada voluntário doe em
média 5 horas de trabalho por semana, equivalentes a 20 horas por
mês. Tomemos o caso da "Parceiros
Voluntários", que soma 247 mil voluntários no Rio Grande do Sul. Em
média, esse exército de pessoas dedica-se à causa durante aproximadamente 5 milhões de horas por
mês. Se cada um desses voluntários
fosse remunerado a R$ 10 por hora,
a folha de pagamento chegaria a
quase R$ 50 milhões por mês. Seguindo essa lógica, é fácil chegar à
conclusão de que o valor dessa atividade é inestimável. Some-se a isso
o nível diferenciado de determinação dos voluntários, pelo seu envolvimento emocional com a atividade.
O trabalho voluntário gera uma
reeducação da sociedade e permite
difundir o conceito da cidadania.
Quando analisamos um país com
elevado patamar de desenvolvimento, percebemos que ali existe
um grande número de pessoas com
atitude cidadã e que exercem atividades voluntárias.
Normalmente, elas passam a desenvolver uma consciência comunitária e tornam-se potenciais líderes na região onde vivem. Esse processo gera um verdadeiro milagre: o
milagre da teia, da capacidade de
mobilização.
Muitas vezes, sou questionado a
respeito de meu envolvimento com
diversas entidades sem fins lucrativos. A resposta é simples: como cidadão, não consigo deixar de me sentir também responsável pela situação
de vulnerabilidade social enfrentada por milhares de brasileiros. Essa
é a visão que todos -governos, empresas e pessoas físicas- devemos
ter se quisermos, de fato, construir
um Brasil mais justo. O voluntariado
é a chave para o desenvolvimento;
utilizá-la depende apenas da vontade de cada um.
JORGE GERDAU JOHANNPETER , 70, é presidente do conselho de administração do grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.
jorge.gerdau@gerdau.com.br
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