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Preços na indústria registram deflação em novembro, diz FGV
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Com a queda das commodities e a demanda desaquecida, a
indústria já registra deflação,
num sinal de esfriamento do
nível de atividade do setor que,
em tese, abre espaço para a redução da taxa básica de juros
-a ser definida entre hoje e
amanhã na reunião do Copom.
Os preços da indústria de
transformação no atacado caíram 0,27% em novembro, segundo dados do IGP-DI (Índice
Geral de Preços - Disponibilidade Interna), da FGV (Fundação Getulio Vargas). É a menor
marca desde dezembro de
2005 (-0,42%).
Ao todo, os preços industriais
no atacado registraram variação nula em novembro, após
uma alta de 1,86% em outubro.
Com o resultado, o IPA (Índice
de Preço por Atacado) apresentou deflação de 0,17%, puxada
também pela queda dos preços
agrícolas (-0,64%) na esteira da
redução das commodities.
A perda de fôlego dos preços
no atacado levou o IGP-DI a se
desacelerar de 1,09% em outubro para 0,07% em novembro
-variação que surpreendeu
analistas, que esperavam uma
taxa na casa de 0,30%.
Para Flávio Castello Branco,
economista da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a
queda dos preços corrobora o
risco de um cenário de excesso
de oferta na indústria, já sinalizado pelos estoques mais altos
e pelos primeiros dados de redução da produção.
"Há um cenário global de deflação provocado pela crise financeira, que só não se percebe
mais no Brasil por causa da desvalorização cambial", diz. Tal
ambiente afeta especialmente
itens vinculados às commodities, como o petróleo. Caíram
com força preços de nafta (recuo de 28,01%), óleo combustível (-7,45%), adubos e fertilizantes (-8,56%), entre outros.
Para Salomão Quadros, coordenador da FGV, há um movimento "generalizado de queda
dos preços da indústria". Tal
tendência, diz, é dada especialmente pelo recuo das commodities, cujo efeito se sobrepõe
ao da alta do dólar.
Francis Kinder, da Rosenberg & Associados, diz que "já
existe uma trajetória" de contração da demanda interna que
resulta numa queda dos preços
da indústria. Mas, segundo ele,
a queda da commodities tem
um impacto mais forte. "A evolução mais modesta da atividade econômica, associada à atual
descompressão de boa parte
das commodities, tem mitigado
possíveis repasses nos preços
industriais", avalia a LCA.
Segundo Quadros, a retração
no atacado chegará com mais
força ao varejo nos próximos
meses. Em novembro, o IPC
(Índice de Preços ao Consumidor) ainda subiu: 0,56%, ante
alta de 0,47% em outubro.
No varejo, uma das dúvidas é
a evolução dos preços dos serviços, que tendem a se manter
pressionados, segundo avaliação tanto de Quadros como de
Fábio Romão, da LCA.
Apesar desse cenário, Kinder
acredita que existe espaço para
a queda do juro já nesta semana
-de 0,25 ponto percentual. Representando a corrente majoritária do mercado, Romão diz
que o BC ainda enxerga pressões inflacionárias e manterá
na quarta-feira a Selic em
13,75% ao ano. Quadros, por
sua vez, afirma que diminuiu o
risco de inflação, e, ao mesmo
tempo. "Já está na hora de uma
inflexão na política monetária."
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