DAVID PILLING
DO "FINANCIAL TIMES", EM TÓQUIO

As reservas cambiais japonesas subiram em 43% no ano passado, para US$ 637,52 bilhões.Quase todo o aumento, da ordem de cerca de US$ 200 bilhões, é justificado por intervenções japonesas para mitigar efeitos da queda do dólar.
Os números foram divulgados ontem pelo Ministério das Finanças do país, em meio a uma nova rodada de pesada intervenção que por um breve período causou queda de dois ienes na moeda japonesa, para 108,30 ienes por dólar. Mas a recuperação da moeda norte-americana foi passageira, e nas operações vespertinas ela rapidamente foi para 107 ienes.
"O Japão estava tentando enviar mensagem de que não se trata de aposta unilateral", disse Richard Jerram, do banco ING, em Tóquio, sobre a valorização do iene.
A despeito das intervenções recordes japonesas no ano passado, não foi possível manter o iene acima do nível de 115 ienes por dólar, que era encarado pelos operadores de câmbio, no passado, como uma linha de última defesa.
Operadores dizem que o Japão parece desesperado para deter a rápida valorização do iene, que os exportadores alegam que possa prejudicar a melhora em seu desempenho. As autoridades parecem ter escolhido a cotação de 106 ienes por dólar para defender.
Sadakazu Tanigaki, ministro das Finanças japonês, repetiu ontem a fórmula de que Tóquio interviria para impedir valorização rápida demais para o iene. "Sempre que um movimento excessivo ocorre, nós tomamos as medidas adequadas", afirmou.
No ano passado, houve intervenções japonesas nos mercados de câmbio quase todos os meses, com gastos de 5 trilhões de ienes (US$ 47 bilhões) em um dos meses. Washington vem em geral mantendo o silêncio quanto às intervenções recordes do Japão, mas pressionou a China de maneira considerável pela adoção de um regime cambial mais flexível.