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BICOMBUSTÍVEL
Distância da produção de cana e grau de adulteração do produto na região determinam preço, diz pesquisa
Usar álcool só traz vantagem em 11 Estados
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE
Enquanto o governo não consegue baixar o preço do álcool, os
donos de carros bicombustíveis
perdem se preferirem o combustível na hora de abastecer na
maior parte dos Estados brasileiros. Isso porque o álcool deve custar no máximo de 60% a 70% do
valor da gasolina para ser vantajoso ao motorista, uma vez que é
um combustível que rende menos
-o percentual varia de acordo
com o modelo do carro.
Pesquisa do Cepea (Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP
(campus Piracicaba), baseada em
dados da ANP (Agência Nacional
do Petróleo) coletados na semana
passada, mostra que encher o tanque de combustível com gasolina
já é mais vantajoso em 15 Estados
e no Distrito Federal. Os Estados
são: Acre, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Rondônia, Roraima, Maranhão e
Sergipe.
Com a alta do álcool, a opção só
continua mais econômica em
Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Santa
Catarina, São Paulo e Tocantins.
Os consumidores do Amapá, do
Pará e do Rio Grande do Sul são
os que mais perdem se optarem
por abastecer com álcool. No
Amapá, por exemplo, o álcool
chega a custar 82% do preço da
gasolina, o maior percentual entre
os Estados. No Pará, custa 81% do
preço da gasolina, e no Rio Grande do Sul, 80%.
São Paulo
Já em São Paulo, com a maior
frota do país, o consumidor não
precisa ter dúvidas: abastecer
com álcool é mais vantajoso. No
Estado, o litro do álcool custa
61,5% do preço médio da gasolina, o que significa a opção mais
vantajosa entre todos os Estados.
São Paulo também tem a menor
incidência da alíquota de ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) para o álcool vendido na bomba: 12%. No
país, o álcool sofre em média uma
tributação de 17% desse imposto.
Nesse Estado, na última semana,
segundo a agência, o litro da gasolina era vendido em média a R$
2,367, e o do álcool, a R$ 1,457.
Segundo a ANP, de janeiro a dezembro passados o preço do álcool na bomba subiu 8,8%.
A lógica da competitividade do
álcool segue a proximidade com a
lavoura da cana-de-açúcar e das
usinas, segundo analistas. Quanto
mais perto das regiões produtoras, mais barato, já que o custo do
transporte é o principal aditivo.
Segundo o Sifreca (Sistema de
Informações de Fretes para Cargas Agrícolas), da Esalq/USP, entre 5% e 10% do preço do litro do
álcool se refere ao custo do transporte, que compreende todo o
processo de carregamento e descarregamento do álcool.
Para Rafael Schechtman, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de
Infra-Estrutura), neste início de
ano, a perda de competitividade
do álcool não surpreende. Segundo ele, a entressafra da cana-de-açúcar, medidas de combate à
adulteração e a seca fizeram com
que Estados em que a relação de
preços entre os combustíveis estava muito próxima do limite passassem a ser mais rentáveis com a
gasolina.
É o caso, por exemplo, do Rio
Grande do Sul, em que o álcool
era mais vantajoso financeiramente entre janeiro e setembro
do ano passado, mas "mudou de
lado", em razão da seca do ano
passado que afetou a lavoura no
sul do país.
No Rio de Janeiro, por exemplo,
um dos Estados campeões de
adulteração, também passou a ser
mais rentável abastecer com gasolina em razão, entre outras coisas,
das medidas de combate à fraudes
da ANP, que têm o efeito "colateral" de pressionar os preços do álcool vendido na bomba para cima.
Segundo ele, o álcool pode voltar a ser vantajoso nesses Estados
em que essa relação entre combustíveis é próxima a partir do
início da safra de cana-de-açúcar,
entre março e abril.
No entanto, Schechtman não
tem dúvidas em dizer que a principal forma de tornar o álcool
mais competitivo em diversas regiões do país seria a equalização
dos ICMS nos Estados.
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