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Meirelles vê sinal claro de recuperação no 4º tri
Alan Marques - 06.out.05/Folha Imagem
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O presidente do BC, Henrique Meirelles, prevê mais crescimento |
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A BASILÉIA
Após o débil PIB do terceiro trimestre de 2005, que registrou
queda de 1,2%, os dados do quarto trimestre já mostrarão, na avaliação do presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, sinais claros de recuperação.
Sem citar dados, o executivo
mostrou essa confiança ao se referir à manutenção do otimismo da
comunidade financeira internacional com o Brasil. "A recuperação que a economia já está mostrando claramente no quarto trimestre, as perspectivas positivas
com o crescimento em 2006 e a
mudança em indicadores como
reservas e dívida cambial... Em resumo, há toda uma melhora de
índices de solvência que [faz] de
repente o sujeito olhar e falar: não,
agora o Brasil está numa outra situação", disse ontem Meirelles
em Basiléia, na Suíça, onde participou de reunião do BIS (sigla em
inglês para Banco de Compensações Internacionais).
Em seguida, questionado sobre
que fatores o levavam a ter essa
segurança, Meirelles tergiversou.
"O Banco Central não faz previsão de crescimento trimestral,
que tem fatores de sazonalidade,
ajustes. Vamos ter que viver com
esse hiato de informação até saírem os dados. Mas os indicadores
mostram que está bem."
Em consonância com o clima de
otimismo que marcou a reunião
do BIS, o executivo afirmou acreditar que as críticas de que o BC
exagerou na dose alta de juros e
contribuiu para o fraco desempenho da economia em 2005 estão
próximas de diminuir. "Na medida em que ficarem claros a recuperação da economia, o crescimento já forte em 2006, o fato de
que o Brasil está numa rota de
crescimento sustentado e os ganhos advindos da inflação baixa,
teremos uma mudança do enfoque do debate e uma maior concordância com os fundamentos
da política econômica."
Para Meirelles, muitas das queixas derivam da "ansiedade" que
existe no país em relação a expectativas de melhores taxas de desenvolvimento. "Considerando o
histórico de baixo crescimento do
Brasil durante as últimas duas décadas, é normal que exista uma
ansiedade muito grande em relação ao assunto."
Instado a definir com um adjetivo a performance da economia
em 2005, esquivou-se: "Adjetivos,
apesar de serem compreensíveis,
não são normalmente muito usados pelos bancos centrais, que
têm por função baixar a temperatura do debate e torná-lo o mais
sereno possível. Acho que 2005 foi
um ano de consolidação dos ganhos do Brasil, que saiu de um
crescimento muito elevado em
2004 e está melhorando suas condições para continuar a crescer".
A projeção do BC de crescimento da economia para este ano é de
4%, ironicamente a mesma prevista pela autoridade monetária
para o ano passado -que depois
acabou revista para 2,6%.
Meirelles citou a crise política
como um dos fatores que contribuíram para gerar a queda do PIB
no terceiro trimestre.
Segundo o banqueiro, a avaliação do Brasil entre os participantes da reunião do BIS foi a melhor
desde que ele começou a participar dos encontros como representante do BC, em 2003. "Sempre foi positiva, mas desta vez
houve a avaliação mais positiva,
porque o Brasil cresceu bem em
2004, mas tínhamos claramente
pressões inflacionárias, e a grande
preocupação era de como o Brasil
iria fazer o ajuste, sair do impulso
inicial. E o Brasil fez um ajuste
suave em 2005, saindo de um movimento de subida de juros para
um de redução."
Cenário mundial
Pelo relato de Meirelles, que
participou ontem de manhã de
reunião sobre perspectivas para a
economia mundial em 2006, a
avaliação dos principais banqueiros é a de que os EUA devem ter
crescimento similar ao do ano
passado. O Japão pode ser uma
surpresa positiva, e a União Européia deve ter uma leve recuperação. Segundo ele, não se falou em
números, mas em ritmo de atividade. Entre os países em desenvolvimento, espera-se que a China mantenha o mesmo ritmo de
2005, e que haja poucas mudanças na América Latina.
Os riscos de turbulência são,
ainda segundo o banqueiro, os
preços do petróleo e um estouro
na bolha do mercado imobiliário,
principalmente nos EUA.
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