São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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ÁSIA

China revisa expansão de 2004 para 10,1%

RICHARD MCGREGOR
DO "FINANCIAL TIMES"

O Serviço Nacional de Estatísticas da China elevou em média em 0,5 ponto percentual o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China no período de 1993 a 2004, para refletir os resultados de um recenseamento econômico que constatou que a economia chinesa era 17% maior do que a estimativa oficial referente a 2004.
Os novos números do serviço de estatísticas chinês estimam que a economia tenha crescido, respectivamente, 10% e 10,1% em 2003 e 2004, ante estimativas oficiais anteriores de 9,5% anuais para os dois períodos.
O único ano para o qual o serviço de estatísticas não adotou números mais elevados para o crescimento foi 1998, para o qual a estimativa ficou em 7,8%, uma admissão tácita de que o número anunciado no período superestimava a produção chinesa.
Economistas, tanto chineses quanto estrangeiros, vinham dizendo havia muito que a economia e as taxas de crescimento da China eram substancialmente maiores do que os números oficiais propunham, o que foi confirmado pelo anúncio do serviço de estatísticas sobre a revisão de cálculos, em dezembro.
Mas, com relação a 1998, muitos analistas diziam o oposto e calculavam que os números oficiais haviam superestimado o crescimento de uma economia pesadamente atingida pela crise econômica asiática daquele ano, deflagrada na metade de 1997 pela desvalorização da moeda tailandesa.
A reavaliação do serviço de estatísticas se baseia primordialmente em uma revisão dos números referentes ao setor de serviços empresariais, que vem crescendo em ritmo muito mais acelerado do que as estatísticas oficiais são capazes de registrar.
Yao Jingyuan, economista-chefe do serviço nacional de estatísticas chinês, declarou ontem que o consumo também vinha sendo um fator de estímulo a um maior crescimento e continuaria a sê-lo nos próximos anos.
"Trata-se de uma tendência inevitável, que levará anos a chegar à sua conclusão, mas o papel do consumo ganhará mais destaque no futuro, com a tomada de diversas medidas pelo governo, como a elevação do patamar de renda mínimo para o pagamento de Imposto de Renda pessoal", disse.

Confiabilidade
O serviço de estatísticas, muito criticado durante anos devido à baixa confiabilidade dos números oficiais chineses, recebeu elogios por produzir um conjunto de novos indicadores que, na opinião da maioria dos analistas, apresenta um quadro mais acurado da economia chinesa.
A admissão pelo serviço de estatísticas de que a economia chinesa é muito maior do que se supunha anteriormente atraiu severa oposição da burocracia chinesa, que acabara de concluir um novo plano econômico qüinqüenal.
"A correção reflete a maior correção possível dentro do sistema", disse Chen Xingdong, economista-chefe do banco BNP Paribas Peregrine em Pequim.
Mas, embora não esperasse novas revisões, Chen disse acreditar que os números oficiais recentemente revisados continuavam a subestimar as dimensões da economia da China.
Os novos números se baseiam na suposição de que o recenseamento econômico de 1992 produziu um resultado preciso para aquele ano, o que, segundo ele, é questionável.
"Eu também diria que a produção industrial [de 2004, no mais recente levantamento] continua a ser subestimada", afirmou Chen.
O número final sobre o crescimento em 2005 deve ser divulgado em algumas semanas, e as exportações líquidas serão um dos principais fatores na expansão.
A agência de notícias Reuters informou ontem que o superávit do comércio chinês no mês de dezembro atingiu os US$ 13 bilhões, um recorde mensal, e levou o total de 2005 a US$ 104 bilhões, montante mais de três vezes superior ao superávit comercial atingido em 2004.


Tradução de Paulo Migliacci


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