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ONU e grupo de Davos vêem riscos maiores
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Em meio às muitas previsões
pessimistas que têm sido feitas
neste início de ano, as Nações
Unidas acrescentaram mais
um alerta sobre os perigos que
a economia mundial enfrentará nos próximos meses. Para a
organização, as recentes turbulências mostraram que é arriscado demais deixar que os Estados Unidos continuem sendo
a única locomotiva econômica
do mundo. Por isso, é preciso
que Europa e Japão reajam para evitar uma crise global.
Em seu relatório de perspectivas para 2008 lançado ontem,
o "cenário-base" da ONU já estima uma queda moderada no
crescimento mundial, dos 3,7%
de 2007 para 3,4%. No "cenário
pessimista", em que se materializaria o temor de uma recessão nos Estados Unidos, a expansão mundial cairia a menos
de metade, para 1,6%.
Assim como em outros estudos recentes, no relatório da
ONU os países emergentes, entre eles o Brasil, seriam menos
afetados por uma desaceleração nos Estados Unidos, mas
não ficariam imunes a uma recessão. O estudo repete a previsão de crescimento do Brasil
para 2008 feita pelo Banco
Central, de 4,5%.
O relatório, preparado em
conjunto por diversas agências
da ONU, observa que o crescimento mundial no último ano
foi "robusto e amplo", mas adverte que há um "perigo claro e
presente" que poderá levar à
quase estagnação em 2008. "De
160 países estudados, 102 cresceram 3% ou mais no último
ano, o que é algo extraordinário", disse Heiner Flassbeck, diretor da Unctad (Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
Flassbeck disse, porém, que
as incertezas espalhadas pela
crise do "subprime" (hipotecas
de alto risco) a partir de agosto
nos EUA continuarão a rondar
a economia mundial. Para ele, é
cedo para avaliar se a economia
americana entrará em recessão, pois isso dependerá da reação dos consumidores do país.
Tomando como base a previsão de que o consumo nos EUA
reagirá nos próximos meses, o
estudo da ONU estima que o
crescimento da economia americano em 2008 sofrerá uma
queda apenas moderada, de
2,2% em 2007 para 2% neste
ano. No cenário pessimista, a
expansão cairia para 0,1%, configurando um quadro de recessão que afetaria o mundo todo.
Davos
Incertezas econômicas e políticas também marcaram as
previsões feitas ontem pelo
grupo que organiza o Fórum
Econômico Mundial de Davos.
"Será difícil administrar os riscos globais neste ano", afirma
relatório da entidade
Em seu estudo, o grupo
aponta para o perigo de uma recessão nos Estados Unidos e
enumera os "riscos emergentes" para a próxima década. Entre eles, problemas no abastecimento de alimentos e energia e
riscos no sistema financeiro
mundial.
Um dos riscos econômicos
apontados pelo grupo é que a
China cresça 6% ou menos ao
ano, afetada por questões domésticas e políticas. Além disso, a entidade, cujo encontro
anual acontece entre os dias 23
e 27 deste mês, cita, entre outros, uma abrupta desvalorização do dólar, "com impactos
por todos os mercados financeiros", aumentos "abruptos"
nas cotações de petróleo e gás e
falta de alimentos para a população mais pobre devido a altas
crescentes nos preços dos produtos agrícolas.
Para a entidade, as incertezas
sobre o futuro no médio e longo
prazos estão no seu ponto mais
alto da década, especialmente
sobre como a economia global
irá ao reagir à propagação do
aperto na liquidez, resultado da
crise no ano passado do mercado imobiliário de alto risco dos
EUA, epicentro da atual crise.
De acordo com o fórum, uma
das conseqüências desse clima
de incerteza é que várias ações,
como o combate às mudanças
climáticas, podem não ser tomadas. E, caso isso ocorra, só
irá "enfraquecer" a capacidade
mundial de lidar com futuros
desafios.
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