da Sucursal de Brasília

O presidente da Brahma, Marcel Telles, afirmou que o parecer da SDE (Secretária de Direito Econômico) sobre a AmBev, fusão da Antarctica e da Brahma, "é burro e covarde".
A SDE sugeriu em seu parecer que uma das três principais marcas da AmBev (Skol, Antarctica ou Brahma) fosse vendida para que a fusão fosse autorizada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão vinculado ao Ministério da Justiça que zela pela concorrência entre as empresas no país.
Segundo Telles, o parecer é burro, pois inviabiliza a fusão. A venda de uma das três marcas fará com que a união das duas maiores cervejarias do país crie um empresa do mesmo tamanho ou menor que as atuais, eliminando os ganhos da fusão, sustentou ele.
"Se vendermos a Antarctica, voltamos ao início, com apenas a Brahma e a Skol. Se vendermos a Skol, seremos menores que antes", disse Telles.
Para o presidente da Brahma e co-presidente da AmBev, a SDE foi covarde porque propôs algo inviável e não teve coragem de assumir que era contra a união das duas cervejarias.
Com relação ao desemprego causado pela fusão, Telles disse que haverá demissões devido à modernização da AmBev. Segundo ele, quatro ou cinco fábricas pequenas serão fechadas. Ele afirmou que as demissões não chegarão a 10% dos 16 mil empregados da AmBev.
Telles disse que a SDE e as demais agências do governo têm outros mecanismos para evitar o controle do mercado pela AmBev e espera que a decisão do Cade estipule outros controles, que não a venda de uma das marcas.
Suas declarações foram feitas em depoimento na Comissão de Economia, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados.
Convidado para participar da reunião, o titular da SDE, Paulo de Tarso Ribeiro, não compareceu. Informou por carta que tudo o que tinha a falar sobre o assunto estava no parecer da secretaria.
Sua assessoria disse que a decisão não está relacionada com a presença do presidente da Brahma na comissão. Mais tarde, o titular da SDE comentou as críticas feitas por Telles: "Não se trata de uma questão dessa com impropérios", disse Paulo de Tarso Ribeiro. "O parecer é técnico e baseado numa pesquisa minuciosa de mais de 200 páginas", afirmou.

Apoio parlamentar
Durante a audiência os deputados presentes, em sua maioria, manifestaram apoio a fusão. Ao final da exposição inicial de Telles, em defesa da fusão, o representante da AmBev foi aplaudido pelos presentes, fato incomum nas audiências públicas.
O deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou que a criação da AmBev é a única maneira de criar uma empresa nacional competitiva internacionalmente e proteger o setor da compra por estrangeiros.
(ANDRÉ SOLIANI)



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