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INVESTIMENTOS
Privatização recebe 28% do dinheiro injetado no país; analistas prevêem valor menor em 2000
Brasil lidera atração de capital na AL
CÁTIA LASSALVIA
da Redação
O Brasil recebeu quase um terço
dos investimentos estrangeiros
diretos destinados à América Latina em 1999, sendo responsável
por US$ 31 bilhões do total de US$
97 bilhões que foram investidos
na região. Os números fazem parte de dados preliminares de um
estudo da Organização das Nações Unidas para o Comércio e o
Desenvolvimento (Unctad), divulgado ontem em Genebra.
O investimento estrangeiro direto foi utilizado para promover
fusões, aquisições ou mesmo a
criação de novas empresas. Do
capital externo que entrou no
Brasil em 1999, 28% foi usado para a compra de estatais. Em 98, esse percentual havia sido de 25%.
"O investimento estrangeiro direto é a melhor forma de captação
de dinheiro internacional, quando bem administrado, pois não é
um capital especulativo que aparece e some nas Bolsas", disse o
economista Antônio Corrêa de
Lacerda, vice-presidente da Sobbet (Sociedade Brasileira para Estudos de Empresas Transnacionais e de Globalização).
Segundo Lacerda, o país deveria
aproveitar a imagem que possui
diante dos investidores para impulsionar sua economia, usando
as empresas transnacionais para
ganhar competitividade e estimular também suas exportações.
"Se o bom uso do capital externo não existir, corremos o risco
de, com o fim das privatizações,
vermos os investimentos caírem",
disse Lacerda. Segundo estimativas da Sobbet, neste ano, o Brasil
deve receber menos investimento
direto do que recebeu em 99 porque restam poucas privatizações.
Segundo o estudo -que será
usado na conferência da Unctad
de 12 a 19 de fevereiro, na Tailândia-, em 99 a América Latina
atraiu 32% mais capital do que
em 98. Na região, o destaque também ficou para as privatizações.
O ano passado marcou ainda a
liderança da América Latina na
atração de investimentos estrangeiros diretos entre os emergentes, superando os asiáticos, que
estavam na frente desde 1986.
A China, que recebeu US$ 40 bilhões, é o primeiro entre os emergentes, que tiveram juntos uma
alta de 15% no volume de capital
recebido em 99, em relação a 98
-atingindo US$ 198 bilhões. Em
99, foi registrado um crescimento
de 25% no investimento externo
feito por vários países do globo,
chegando à marca dos US$ 827
bilhões, quase o dobro de 97.
"Esses números fortalecem a tese de que a globalização financeira e produtiva terá um papel fundamental no século 21", disse
Marcelo Allain, economista-chefe
do banco Inter American Express. Segundo Allain, o Brasil é
um típico país recebedor de investimentos e deve saber captar
recursos. Sua expectativa é que,
em 2000, o capital externo direcionado ao Brasil caia para US$ 19
bilhões. Em 99, os países desenvolvidos foram os maiores beneficiados com o fluxo de capital, ficando com US$ 609 bilhões.
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