São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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INVESTIMENTOS
Privatização recebe 28% do dinheiro injetado no país; analistas prevêem valor menor em 2000
Brasil lidera atração de capital na AL

CÁTIA LASSALVIA
da Redação

O Brasil recebeu quase um terço dos investimentos estrangeiros diretos destinados à América Latina em 1999, sendo responsável por US$ 31 bilhões do total de US$ 97 bilhões que foram investidos na região. Os números fazem parte de dados preliminares de um estudo da Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), divulgado ontem em Genebra.
O investimento estrangeiro direto foi utilizado para promover fusões, aquisições ou mesmo a criação de novas empresas. Do capital externo que entrou no Brasil em 1999, 28% foi usado para a compra de estatais. Em 98, esse percentual havia sido de 25%.
"O investimento estrangeiro direto é a melhor forma de captação de dinheiro internacional, quando bem administrado, pois não é um capital especulativo que aparece e some nas Bolsas", disse o economista Antônio Corrêa de Lacerda, vice-presidente da Sobbet (Sociedade Brasileira para Estudos de Empresas Transnacionais e de Globalização).
Segundo Lacerda, o país deveria aproveitar a imagem que possui diante dos investidores para impulsionar sua economia, usando as empresas transnacionais para ganhar competitividade e estimular também suas exportações.
"Se o bom uso do capital externo não existir, corremos o risco de, com o fim das privatizações, vermos os investimentos caírem", disse Lacerda. Segundo estimativas da Sobbet, neste ano, o Brasil deve receber menos investimento direto do que recebeu em 99 porque restam poucas privatizações.
Segundo o estudo -que será usado na conferência da Unctad de 12 a 19 de fevereiro, na Tailândia-, em 99 a América Latina atraiu 32% mais capital do que em 98. Na região, o destaque também ficou para as privatizações.
O ano passado marcou ainda a liderança da América Latina na atração de investimentos estrangeiros diretos entre os emergentes, superando os asiáticos, que estavam na frente desde 1986.
A China, que recebeu US$ 40 bilhões, é o primeiro entre os emergentes, que tiveram juntos uma alta de 15% no volume de capital recebido em 99, em relação a 98 -atingindo US$ 198 bilhões. Em 99, foi registrado um crescimento de 25% no investimento externo feito por vários países do globo, chegando à marca dos US$ 827 bilhões, quase o dobro de 97.
"Esses números fortalecem a tese de que a globalização financeira e produtiva terá um papel fundamental no século 21", disse Marcelo Allain, economista-chefe do banco Inter American Express. Segundo Allain, o Brasil é um típico país recebedor de investimentos e deve saber captar recursos. Sua expectativa é que, em 2000, o capital externo direcionado ao Brasil caia para US$ 19 bilhões. Em 99, os países desenvolvidos foram os maiores beneficiados com o fluxo de capital, ficando com US$ 609 bilhões.



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