São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2002

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BNDES financia multinacionais

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Ao longo do atual programa de privatizações, iniciado em 1991, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor das privatizações federais e assessor das estaduais, concedeu financiamentos no valor de R$ 2,462 bilhões a grupos estrangeiros para a compra do controle, ou de parte do controle, de quatro empresas.
O valor corresponde a 38,05% dos R$ 6,469 bilhões que o banco federal emprestou para os compradores de 18 empresas, de um total de 139 privatizações feitas até agora. Desde 1991 as privatizações feitas no país renderam o equivalente a US$ 103,4 bilhões. O BNDES é praticamente a única fonte de financiamentos de longo prazo do país. O banco informou que tem por política não financiar a compra de ativos, mas admite fazê-lo para estimular processos de reestruturação empresarial que considere importantes, incluindo as privatizações.
Todos os financiamentos dados para companhias de capital estrangeiro nas privatizações foram para a compra de empresas estaduais do setor de energia elétrica. O maior deles, no valor de R$ 1,013 bilhão, foi para a Light, controlada por capitais da França e dos Estados Unidos, adquirir o controle da Eletropaulo Metropolitana, de São Paulo, em 1998.
Segundo o banco, todos os financiamentos aos estrangeiros foram feitos com recursos captados no exterior -a principal fonte do BNDES é o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
O banco informou ainda que, no geral, os financiamentos estão sendo remunerados a cerca de 14% ao ano, mais a variação cambial de uma cesta de moedas estrangeiras.
Os técnicos do BNDES afirmam que esse custo do dinheiro é bem maior do que os financiamentos às empresas nacionais, normalmente remunerados com base na TJLP (taxa de juros de longo prazo), que está atualmente em 10% ao ano.



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