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Cotação em alta estimula produtores independentes no Recôncavo Baiano
DA ENVIADA ESPECIAL AO RECÔNCAVO BAIANO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O agricultor João Cerqueira,
73, sonha tão alto quanto a cotação do barril de petróleo nos
últimos tempos lhe permite.
Vive o sonho de enriquecer
com o óleo que encontrou em
seu quintal e não é um personagem de Monteiro Lobato. Já
deu entrada em um caminhão
novo, quer ampliar sua granja e
sonha em construir uma lagoa
em frente à varanda de casa.
Cerqueira é proprietário de
um terreno próximo ao município de Entre Rios, no Recôncavo Baiano, onde a ANP
(Agência Nacional do Petróleo)
está construindo um campo-escola de exploração de petróleo e gás. No passado, o local,
denominado Fazenda Mamoeiro, chegou a ser explorado
pela Petrobras, mas foi abandonado há mais de dez anos.
"Todas as noites sonho com
caminhões carregados de petróleo passando aqui em frente,
mas, quando acordo, vejo que
ainda são caminhões cheios de
brita usados na construção do
campo", conta.
A expectativa em relação à
exploração de petróleo praticamente no quintal de casa não é
à toa. Além de ter direito a receber o aluguel do terreno, o proprietário tem garantido por lei
o recebimento de 1% do valor
bruto da produção.
O percentual pode ser pequeno, mas em tempos de petróleo
na faixa dos US$ 90, está longe
de ser desprezível. Dependendo do volume de óleo produzido, um proprietário pode obter
entre R$ 5.000 e R$ 10 mil por
mês, segundo especialistas.
Em 2005, a Petrobras pagou
cerca de R$ 70 milhões a 592
proprietários de terrenos onde
explora petróleo ou gás. Somente na Bahia, 331 donos de
terras foram beneficiados.
Novo filão de negócios
As cotações elevadas do barril de petróleo não estão interferindo apenas nos planos de
pequenos proprietários de terra no Nordeste, mas também
no rumo dos negócios de empresas que começam a explorar
petróleo na região.
De modo geral, são construtoras, fornecedoras de equipamentos da indústria do petróleo, subsidiárias de empresas
estrangeiras e novas companhias criadas especialmente
para atuar no segmento de exploração de óleo em terra.
Nomes de empresas como
PetroRecôncavo, Egesa, Starfish, Aurizônia Petróleo, Partex
Brasil, entre outras, começam a
ser reconhecidos na região.
A maioria das empresas começou a atuar neste setor por
meio das "rodadinhas", apelido
dado às licitações de campos
marginais de petróleo e gás
promovidas pela ANP.
Campos marginais são áreas
onde já ocorreu a descoberta de
petróleo ou gás e a produção foi
interrompida por falta de interesse econômico.
A definição técnica da agência estipula ainda que a produção desses campos na assinatura dos contratos não deverá ultrapassar 500 barris/dia de
óleo ou 70 mil metros cúbicos
de gás/dia.
(JANAINA LAGE e CIRILO JUNIOR)
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