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Baixa oferta de novos campos é o principal entrave
DA ENVIADA ESPECIAL
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O principal entrave para a
consolidação do mercado de
produtores independentes de
petróleo no país é a oferta reduzida de novos campos marginais, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Segundo Newton Monteiro,
diretor da ANP, a agência deve
licitar cerca de dez campos em
uma nova rodada destinada a
pequenos produtores prevista
para maio. O patamar é considerado insuficiente pela agência para promover consistentemente o crescimento do setor.
De acordo com o diretor, a
Petrobras tem cerca de 150
campos que poderiam ser devolvidos à agência ou operados
em parceria porque não são
atraentes do ponto de vista de
exploração. "Com o campo de
Tupi e a exploração de petróleo
na camada pré-sal é que ela não
vai passar a se interessar por
campo que produz 10 barris/
dia. A Petrobras poderia fazer
um monte de negócios com isso, mas é questão política."
A ANP diz que só tem mais 15
campos que poderão ser licitados para pequenos produtores.
Segundo Doneivan Ferreira,
professor do Instituto de Geociências da UFBA, a oferta de
novos campos é fator essencial
para que os produtores ganhem escala para exportar a
produção. "Dono de hipermercado não tem de ser dono de
botequim. Não tem sentido
manter esses campos com a
Petrobras. Cabe à ANP bater o
pé e impor restrições. De que
adianta essa história de que o
petróleo é nosso se ele fica parado, não gera riqueza ou melhoria de vida para ninguém?"
Segundo a agência, das 28
empresas que atuam em campos marginais, apenas 11 já começaram a produzir. "Os produtores estão tentando se organizar em associações como a
Abpip [Associação Brasileira
de Produtores Independentes
de Petróleo] para identificar
dificuldades comuns. Em alguns casos compartilham equipamentos. O próprio contrato
de concessão para esses produtores ainda precisa de ajustes",
afirma Marilda Rosado, advogada especializada na área de
petróleo do escritório Doria,
Jacobina e Rosado Advogados.
Segundo Fernando Longo,
engenheiro da construtora
Egesa, uma das 20 maiores do
país, a empresa demorou quase
um ano para ter a licença ambiental. Em um dos poços perto de Araçás (BA), está prestes
a começar a produzir, mas para
isso usa uma sonda cujo aluguel não sai por menos de US$
10 mil/dia. O engenheiro estima que já foram investidos ao
menos R$ 3 milhões para viabilizar a exploração de petróleo.
"Quanto mais o preço do petróleo sobe, mais difícil fica a obtenção de equipamento."
Outro lado
A Petrobras diz que já devolveu 82 campos terrestres à
ANP na década de 90. Segundo
Newton Monteiro, diretor da
agência, a devolução dos campos estava alinhada ao perfil do
governo anterior. "A idéia da
companhia na época era se concentrar nas coisas que davam
maior retorno financeiro." Sobre as dificuldades de comercialização, a empresa afirmou
que já fechou contratos com 15
produtores e que está negociando com outros seis.
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