São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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Baixa oferta de novos campos é o principal entrave

DA ENVIADA ESPECIAL
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O principal entrave para a consolidação do mercado de produtores independentes de petróleo no país é a oferta reduzida de novos campos marginais, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Segundo Newton Monteiro, diretor da ANP, a agência deve licitar cerca de dez campos em uma nova rodada destinada a pequenos produtores prevista para maio. O patamar é considerado insuficiente pela agência para promover consistentemente o crescimento do setor.
De acordo com o diretor, a Petrobras tem cerca de 150 campos que poderiam ser devolvidos à agência ou operados em parceria porque não são atraentes do ponto de vista de exploração. "Com o campo de Tupi e a exploração de petróleo na camada pré-sal é que ela não vai passar a se interessar por campo que produz 10 barris/ dia. A Petrobras poderia fazer um monte de negócios com isso, mas é questão política."
A ANP diz que só tem mais 15 campos que poderão ser licitados para pequenos produtores. Segundo Doneivan Ferreira, professor do Instituto de Geociências da UFBA, a oferta de novos campos é fator essencial para que os produtores ganhem escala para exportar a produção. "Dono de hipermercado não tem de ser dono de botequim. Não tem sentido manter esses campos com a Petrobras. Cabe à ANP bater o pé e impor restrições. De que adianta essa história de que o petróleo é nosso se ele fica parado, não gera riqueza ou melhoria de vida para ninguém?"
Segundo a agência, das 28 empresas que atuam em campos marginais, apenas 11 já começaram a produzir. "Os produtores estão tentando se organizar em associações como a Abpip [Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo] para identificar dificuldades comuns. Em alguns casos compartilham equipamentos. O próprio contrato de concessão para esses produtores ainda precisa de ajustes", afirma Marilda Rosado, advogada especializada na área de petróleo do escritório Doria, Jacobina e Rosado Advogados.
Segundo Fernando Longo, engenheiro da construtora Egesa, uma das 20 maiores do país, a empresa demorou quase um ano para ter a licença ambiental. Em um dos poços perto de Araçás (BA), está prestes a começar a produzir, mas para isso usa uma sonda cujo aluguel não sai por menos de US$ 10 mil/dia. O engenheiro estima que já foram investidos ao menos R$ 3 milhões para viabilizar a exploração de petróleo. "Quanto mais o preço do petróleo sobe, mais difícil fica a obtenção de equipamento."

Outro lado
A Petrobras diz que já devolveu 82 campos terrestres à ANP na década de 90. Segundo Newton Monteiro, diretor da agência, a devolução dos campos estava alinhada ao perfil do governo anterior. "A idéia da companhia na época era se concentrar nas coisas que davam maior retorno financeiro." Sobre as dificuldades de comercialização, a empresa afirmou que já fechou contratos com 15 produtores e que está negociando com outros seis.


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