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São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2003

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FOLHAINVEST

MERCADO FINANCEIRO

Índices de preços que serão divulgados nesta semana podem nortear decisão do Copom sobre juros

Atenção se volta para guerra e inflação

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A guerra contra o Iraque, que parece cada vez mais próxima, e uma nova rodada de indicadores de inflação são os focos de atenção na semana.
Os índices de preços que saem a partir de hoje podem nortear a próxima decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne nos dias 18 e 19.
Este mês a reunião coincidirá com o encontro do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Analistas americanos afirmam que os juros podem cair 0,25 ponto percentual em seu país.
"O mais relevante para o mercado financeiro é saber como ficarão os preços do petróleo se houver guerra e como virão os novos dados de inflação", afirma Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do Lloyds TSB.
Para ele, o governo levou uma "lavada da inflação, que está muito alta. Desacelerou, mas pouco porque o dólar não caiu abaixo de R$ 3,50."
"As notícias não são boas sobre a inflação", afirma também o consultor Alexandre Póvoa. "Ninguém aposta em queda de juros aqui com guerra pela frente."
Hoje será divulgado o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe de fevereiro. A equipe de pesquisas macroeconômicas do BBV Banco prevê alta de 1,5%.
Na quarta-feira, sai a primeira prévia de março do IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado). Para economistas de bancos, esse resultado já deverá indicar queda da inflação.
Na quinta-feira, será a vez do IGP-DI (Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna). A expectativa é que o índice aponte elevação, porém inferior à alta do IGP-M de fevereiro. Será divulgado também o IPC (primeira quadrissemana de março).
No último dia útil da semana, serão conhecidos o INPC (Índice Nacional de Preços) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro.
Segundo a projeção média do mercado medida pelo relatório Focus do Banco Central, o IPCA terá alta de 1,6%.
Para economistas do BBV Banco, porém, o aumento será maior, em razão da "inércia inflacionária e do repasse da depreciação cambial, que impedem maior arrefecimento da inflação."

C-Bond
O principal título da dívida externa brasileira, que vinha numa trajetória de alta (subiu 12,29%, de 14 de fevereiro a quinta-feira passada), recuou 0,85% na sexta-feira. Para executivos de bancos e corretoras, houve apenas realização de lucros.
Analistas grafistas afirmam que o movimento de forte alta, que influenciou a Bolsa e o mercado de câmbio, tende a se manter se o C-Bond não cair abaixo de US$ 0,74.
"O humor do investidor estrangeiro mudou dramaticamente porque percebeu-se o exagero de cenários esdrúxulos para o Brasil que eram pintados no ano passado", afirma Thomazoni. "Mas não sei se há espaço para melhorar com a iminência de guerra."
Para ele -e uma grande parcela do mercado- se o fim da incerteza no exterior derrubar os preços do petróleo, as Bolsas internacionais se valorizarão muito.
"Nesse caso, como o Brasil não está gerando dívida nova, há grande chance de valorização de ativos do país também."
A alta dos C-Bonds e da Bolsa e a queda do dólar, para outros analistas, refletiria uma expectativa excessivamente otimista.
"Uma guerra rápida está nos preços, mas desdobramentos possíveis, como ataques terroristas, não. Acho difícil que esse movimento de alta continue", diz Póvoa.


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