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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Índices de preços que serão divulgados nesta semana podem nortear decisão do Copom sobre juros
Atenção se volta para guerra e inflação
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A guerra contra o Iraque, que
parece cada vez mais próxima, e
uma nova rodada de indicadores
de inflação são os focos de atenção na semana.
Os índices de preços que saem a
partir de hoje podem nortear a
próxima decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), que
se reúne nos dias 18 e 19.
Este mês a reunião coincidirá
com o encontro do Fomc (Comitê
Federal de Mercado Aberto) do
Federal Reserve, o banco central
dos Estados Unidos. Analistas
americanos afirmam que os juros
podem cair 0,25 ponto percentual
em seu país.
"O mais relevante para o mercado financeiro é saber como ficarão os preços do petróleo se houver guerra e como virão os novos
dados de inflação", afirma Pedro
Thomazoni, diretor de tesouraria
do Lloyds TSB.
Para ele, o governo levou uma
"lavada da inflação, que está muito alta. Desacelerou, mas pouco
porque o dólar não caiu abaixo de
R$ 3,50."
"As notícias não são boas sobre
a inflação", afirma também o consultor Alexandre Póvoa. "Ninguém aposta em queda de juros
aqui com guerra pela frente."
Hoje será divulgado o IPC (Índice de Preços ao Consumidor)
da Fipe de fevereiro. A equipe de
pesquisas macroeconômicas do
BBV Banco prevê alta de 1,5%.
Na quarta-feira, sai a primeira
prévia de março do IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado).
Para economistas de bancos, esse
resultado já deverá indicar queda
da inflação.
Na quinta-feira, será a vez do
IGP-DI (Índice Geral de Preços
-Disponibilidade Interna). A expectativa é que o índice aponte
elevação, porém inferior à alta do
IGP-M de fevereiro. Será divulgado também o IPC (primeira quadrissemana de março).
No último dia útil da semana,
serão conhecidos o INPC (Índice
Nacional de Preços) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) de fevereiro.
Segundo a projeção média do
mercado medida pelo relatório
Focus do Banco Central, o IPCA
terá alta de 1,6%.
Para economistas do BBV Banco, porém, o aumento será maior,
em razão da "inércia inflacionária
e do repasse da depreciação cambial, que impedem maior arrefecimento da inflação."
C-Bond
O principal título da dívida externa brasileira, que vinha numa
trajetória de alta (subiu 12,29%,
de 14 de fevereiro a quinta-feira
passada), recuou 0,85% na sexta-feira. Para executivos de bancos e
corretoras, houve apenas realização de lucros.
Analistas grafistas afirmam que
o movimento de forte alta, que influenciou a Bolsa e o mercado de
câmbio, tende a se manter se o C-Bond não cair abaixo de US$ 0,74.
"O humor do investidor estrangeiro mudou dramaticamente
porque percebeu-se o exagero de
cenários esdrúxulos para o Brasil
que eram pintados no ano passado", afirma Thomazoni. "Mas
não sei se há espaço para melhorar com a iminência de guerra."
Para ele -e uma grande parcela
do mercado- se o fim da incerteza no exterior derrubar os preços
do petróleo, as Bolsas internacionais se valorizarão muito.
"Nesse caso, como o Brasil não
está gerando dívida nova, há
grande chance de valorização de
ativos do país também."
A alta dos C-Bonds e da Bolsa e
a queda do dólar, para outros analistas, refletiria uma expectativa
excessivamente otimista.
"Uma guerra rápida está nos
preços, mas desdobramentos
possíveis, como ataques terroristas, não. Acho difícil que esse movimento de alta continue", diz Póvoa.
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