São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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Lula telefona a Kirchner e diz estar "contente" com solução de impasse

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REDAÇÃO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem para o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, ao saber da efetivação do acordo entre o vizinho sul-americano e o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Segundo a assessoria da Presidência da República, Lula congratulou Kirchner pelo acordo, dizendo estar "contente" e "satisfeito" pela superação de eventuais problemas com o Fundo.
"Uma solução negociada com a Argentina é uma boa medida", afirmou o ministro Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). "Para nós, é uma ótima notícia." As negociações da Argentina com o FMI foram um dos temas da reunião de Lula e um grupo de ministros, ontem, no Planalto.
A hipótese de calote no pagamento da dívida da Argentina com o FMI era considerada preocupante no governo Lula.
Na avaliação de Jaques Wagner, o acordo obtido pelo governo argentino não aumentará as pressões sobre Lula por mudanças na política econômica brasileira e mais vantagens nas negociações com o FMI, como liberdade maior para gastos públicos. "No caso da Argentina, a taxa de exigência do Fundo é menor: o país quebrou, tem índice maior de pobreza e foi, por muito tempo, um aluno comportado do Fundo. Não chegamos ao fundo do poço a que a Argentina chegou."
O acordo brasileiro com o FMI termina no final deste ano. O governo Lula já informou que não pretende renová-lo.

"Capacidade"
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, atribuiu à "capacidade negociadora" do governo argentino o acordo com o FMI.
Segundo Amorim, o Brasil não teve participação ou influência direta nas negociações.
"Seria pretensioso de nossa parte dizer que o Brasil teve alguma influência porque, obviamente, em todos os contatos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve com outros governantes e, recentemente, com o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler [que acaba de deixar o cargo], nós salientamos a importância de fortalecer um governo que tem feito um grande esforço em termos de uma política econômica séria, com austeridade, dentro das condições difíceis que existem na Argentina", disse, em entrevista na Prefeitura de São Paulo.
Amorim assinou acordos com a ONU (Organização das Nações Unidas) e a Prefeitura de São Paulo para a realização, na capital paulista, da 11ª Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), de 13 a 18 de junho.
Também estavam presentes a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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