São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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"Aumento só veio com greve"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Só conseguimos aumento real de salário porque cruzamos os braços em uma greve de oito dias", afirma Luiz Vieira da Silva, 53, trabalhador da construção civil há mais de 30 anos.
No ano passado, os trabalhadores da construção civil de São Paulo fecharam acordo de 8,12% de reposição salarial -o que incluiu 2,12% de aumento real. A inflação acumulada até a data-base da categoria (maio) foi de 6,61%, segundo o INPC do IBGE.
"As greves, que deixaram de ser defensivas e passaram a ser propositivas [aquelas em que o trabalhador busca um novo direito] contribuíram para a conquista de aumento real", afirma Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Dieese. "A economia melhorou, e o trabalhador quer repartir esse resultado." O Dieese prepara levantamento sobre as greves neste ano. Em 2004, foram 114 no setor privado.
Encarregado administrativo de obras de uma empreiteira de São Paulo, Silva diz que gastou o aumento real que entrou no bolso após a campanha salarial para complementar o orçamento e comprar alimentos e remédios para a mulher, que têm problemas de hipertensão.
"A inflação está mais baixa, mas ainda existe. O reajuste no salário nunca é suficiente para acompanhar os aumentos do café, do pão, do telefone, da gasolina e dos remédios." Há dois anos, Silva vendeu o carro para complementar o salário de R$ 1.600. (CR)

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