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LUÍS NASSIF
A revisão do programa nuclear
Tem história no anúncio
do ministro de Ciência e
Tecnologia, Sérgio Rezende, em
Londres, de retomada do programa nuclear brasileiro. A história começou na viagem de Lula a China, que coincidiu com a
divulgação do feito brasileiro de
ter conseguido dominar o ciclo
de enriquecimento de urânio.
Na época, houve uma consulta
dos chineses sobre a possibilidade de o Brasil vender combustível. Chegou até a ser anunciado
pelo então ministro, Eduardo
Campos, o interesse da China em
comprar urânio enriquecido do
Brasil.
Na volta da viagem, Lula encomendou um estudo sobre o programa nuclear brasileiro à
CNEN (Comissão Nacional de
Energia Nuclear), ao INB (Indústria Nuclear Brasileira), à
Nuclep e à Marinha. O estudo foi
entregue a Lula, com o nome de
"Revisão do Programa Nuclear
Brasileiro".
Seguiu-se uma metodologia especial para traçar os cenários
possíveis. Primeiro, definiram-se
cenários para quatro temas: geração de energia, ciclo do combustível, outras aplicações (saúde, agricultura) e grau de dependência de importação de tecnologia.
Para cada uma dessas quatro
dimensões, foram estabelecidos
três cenários, um com as condições mínimas de operação, outro
com condições médias e um terceiro com condições ideais.
A partir daí, surgiu um conjunto de 81 configurações possíveis, a partir de diversos enfoques, como viabilidade, conflito
entre as análises das diversas dimensões. Dessa filtragem, restaram sete alternativas encaminhadas aos ministros de Ciência
e Tecnologia, Minas e Energia e
Casa Civil.
Lá, decidira por três alternativas. Aquela anunciada por Sérgio Rezende seria a alternativa
ideal para preservar o conhecimento técnico brasileiro, produzir enriquecimento de urânio e
desenvolver outras aplicações.
Prevê sete novas usinas até 2022.
Dessas, as primeiras seriam três
usinas pequenas, desenvolvidas
com a tecnologia da Marinha,
com a função de recuperação a
capacitações de pesquisa & desenvolvimento das instituições
nucleares brasileiras. As usinas
maiores seriam a médio prazo,
dependendo da evolução da matriz energética.
Seria criado também um grupo permanente de acompanhamento, para garantir as condições gerais do programa e propor
eventuais correções de rumo.
No final de 2004, esse estudo
chegou à Presidência da República. Mas é apenas uma proposta que não se transformou, até
agora, em programa de governo.
Durante o seminário "Novas
Tecnologias do Setor Energético", foi salientado por representantes do CNEN e da Marinha
que o Brasil, hoje em da, tem a
oitava reserva de urânio do
mundo, com a prospecção de
apenas 30% do seu território.
Com a incorporação de novas
descobertas, saltará para segundo lugar.
Essa revisão do programa permitiria completar a construção
de submarinos nucleares, inclusive para fins civis; porta-aviões;
navios quebra-gelo, graneleiros e
petroleiros, além de permitir programas de dessanilização da
água do mar.
Aliás, o conjunto de programas
de tecnologia paralisados por
falta de verbas públicas é um dos
maiores desperdícios cometidos
pelo governo nessa ânsia de buscar o superávit primário sem nenhuma espécie de planejamento.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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