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SOLUÇO
Especialistas avaliam que resultado de janeiro representa "acomodação"
Produção industrial recua 1,3% com ajuste de estoques
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Na contramão de todas as projeções, a produção industrial caiu
1,3% em janeiro na comparação
livre de efeitos sazonais com dezembro, divulgou ontem o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). É o pior resultado
do setor desde setembro de 2005
(-2,2%) e acontece após três meses consecutivos de expansão. Em
dezembro, a alta foi de 2,4%.
Sob influência do bom desempenho da indústria no fim de 2005
e de alguns resultados setoriais
animadores (como consumo de
energia e fabricação de veículos),
bancos e consultorias mais otimistas chegaram a prever altas de
até 1% em janeiro, embora a
maior parte estimava incremento
em torno de 0,5%. O piso das projeções apontava para queda em
torno de -0,5% do índice.
Mas, apesar da frustração das
expectativas e da retração de janeiro, o próprio IBGE e especialistas ouvidos pela Folha avaliam
que o resultado representa mais
uma "acomodação" da indústria,
que acumulou estoques com a
forte expansão de dezembro, do
que uma reversão do processo de
recuperação do setor, iniciado em
outubro. O que houve, dizem, foi
a desaceleração do crescimento.
"Até pelo perfil da taxa, com
queda de categorias que haviam
crescido muito em dezembro,
identificamos que houve uma
acomodação, uma desaceleração,
que não comprometeu o sinal positivo que a produção da indústria
mostra nos últimos meses", afirmou Silvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.
A evolução média da indústria
nos últimos meses comprova que
a trajetória de expansão se manteve, acrescentou. Na média de novembro, dezembro e janeiro, a
produção subiu 0,6% ante os três
meses imediatamente anteriores
-ritmo mais lento que o 1,2% de
expansão registrado na média trimestral de outubro a dezembro.
Estêvão Kopschitz, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), concorda:
"O crescimento continua, mas
houve uma redução de ritmo".
Outro indicador aponta a continuidade do crescimento: a produção subiu 3,2% em relação a janeiro de 2005, na maior expansão
desde agosto de 2005 (3,7%).
Por trás da perda de fôlego da
indústria está, segundo os economistas, um ajuste de estoques, feito depois do forte crescimento da
produção em dezembro (mês no
qual não é esperado aquecimento
tão significativo). Tal conclusão
ganha força, avaliam, já que todos
os indicadores se mantêm favoráveis ao incremento de produção
-massa salarial e crédito em alta
e juros em queda.
"As vendas industriais estão em
alta [6,4% de dezembro a janeiro
no Estado do Rio]. Isso é um indicativo de desova de estoques, o
que abre espaço para que a indústria volte a crescer já em fevereiro", disse Luciana Sá, economista
da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Para Marcela Prada, da Tendências, a retração de janeiro "devolveu" o crescimento acima do habitual de dezembro e está ligada
ao ajuste de estoques. Na avaliação dela, "a queda não deve se repetir" em fevereiro.
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