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TV DIGITAL
Empresas vão lutar para explorar interatividade
Teles acham que podem reverter perdas com uso de padrão japonês
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas de telecomunicações acreditam poder reverter
perdas com a escolha do padrão
japonês (ISDB) na regulamentação dos serviços que serão oferecidos pela TV digital e nas regras
que forem estabelecidas para uso
do espectro (faixa de freqüência
usada para as transmissões).
O modelo europeu (DVB) era o
preferido das empresas de telefonia, que já haviam enviado um
documento ao governo propondo a adoção de um padrão "global" para a TV digital. O padrão
"global" é o europeu, usado em 57
países. O padrão japonês é usado
apenas no Japão. O governo pode
anunciar oficialmente hoje a escolha do padrão japonês -decisão
já tomada e que a Folha adiantou
na edição de anteontem.
Em tese, as características técnicas do padrão europeu exigem
uma torre de transmissão à parte
para que as imagens transmitidas
pela TV digital cheguem a receptores móveis, como os celulares.
Nesse contexto, poderia surgir
um novo agente no mercado de
radiodifusão, o operador de rede.
Esse nicho poderia ser ocupado
pelas operadoras de telecomunicação, que atuariam como distribuidoras dos sinais. No modelo
japonês, as redes de TV podem fazer a transmissão direta.
Com a escolha do padrão japonês, as empresas de telefonia vão
lutar principalmente para que, na
regulamentação, fique garantido
que elas poderão explorar o "canal de retorno": o canal usado pelos telespectadores para que haja
interatividade.
Ou seja, compras dos telespectadores e participação em pesquisas e votações seriam feitas usando a rede das operadoras de telecomunicações, que seriam remuneradas por isso.
"Nós entendemos que interatividade não é serviço de radiodifusão", disse César Rômulo, superintendente da Telebrasil (Associação Brasileira de Telecomunicações). Além das concessionárias de telefonia fixa (Telefônica,
Telemar, Brasil Telecom e Embratel), fazem parte da Telebrasil celulares como TIM, Vivo e Claro e
outras empresas do setor.
"Não nos posicionamos em relação a um padrão, mas pela discussão de um determinado modelo de serviços, pela discussão
do uso do espectro e o modelo de
negócios."
No documento entregue ao governo, no fim de janeiro, as operadoras de telecomunicações centraram sua argumentação no custo da implantação da TV digital.
"A implantação de um sistema
de TV digital, que inclui a substituição ou a adaptação dos atuais
aparelhos de televisão, além da
modernização de equipamentos
de geração e transmissão de radiodifusão, tem um enorme custo
associado", diz o texto do documento das empresas.
"Para um país com sérias limitações de capacidade de investimento e de distribuição de renda,
é fundamental que o modelo a ser
adotado minimize o impacto econômico", conclui.
"Hoje, o DVB [padrão europeu]
dá mais vantagens de escala, o que
torna o custo menor para o consumidor, mas pode ter havido alguma negociação do governo
com representantes do padrão japonês que minimize esse problema", afirmou o superintendente
da Telebrasil. Ele disse, no entanto, não ter conhecimento de que o
governo já tenha tomado qualquer decisão.
Manifestação
Cerca de 40 estudantes do Inatel
(Instituto Nacional de Telecomunicações), de Santa Rita do Sapucaí (MG), fizeram manifestação
em frente ao Ministério das Comunicações. Eles pediam o adiamento da tomada de decisão do
governo e defendiam a escolha de
uma opção nacional.
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