São Paulo, sábado, 10 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mantega quer importado contra inflação

Ministro da Fazenda afirma que governo poderá reduzir alíquota de importação para combater aumento de preços

Para o presidente do BC, Henrique Meirelles, "inflação previsível" foi segredo do crescimento da economia do país nos últimos anos


TATIANA RESENDE
GIULIANA VALLONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, defenderam ontem o controle da inflação e esboçaram ideias de como manter a taxa dentro da meta e o mais próximo de seu centro (4,5%).
Mantega cogitou reduzir o imposto de importação para aumentar a concorrência dos produtos trazidos do exterior com os itens nacionais. Meirelles foi menos pontual.
"Se algum setor econômico começar a abusar dos preços, podemos baixar as alíquotas de importação, por exemplo", ameaçou Mantega.
O ministro afirmou, após visitar uma feira de construção, que acompanha os preços dos produtos mais importantes. "O governo está vigilante, mas eu não tenho notado anomalia."
A inflação oficial (IPCA) teve alta de 0,52% em março e acumula elevação de 5,17% nos últimos 12 meses, o maior percentual desde maio de 2009 (5,20%). Esse foi o quinto mês de elevação do índice, que desde janeiro está acima do centro da meta.
Mantega ressaltou que a inflação "tem que ser uma preocupação permanente do governo" e o que está acontecendo é "momentâneo", causado pelo choque de oferta. "As chuvas intensas acabaram elevando os preços dos alimentos. Isso é passageiro, sazonal, já está passando."
O custo dos alimentos disparou no início do ano, com alta de 3,69% no primeiro trimestre -elevação que já supera toda a variação observada ao longo do ano passado (3,18%).
A variação do IPCA de março, destacou, é menor do que em janeiro e fevereiro. "A trajetória será descendente nos próximos meses. É claro que a economia brasileira está um pouco mais aquecida, ocorre um pouco uma elevação de preços em relação ao ano passado, que teve baixo nível de atividade", disse. "O fundamental é que a inflação não é de demanda."

Meirelles
Sem uma proposta nova, Meirelles apenas defendeu uma política rígida de combate à inflação da equipe econômica do governo. "O Banco Central está comprometido com o sistema de metas de inflação e isso é fundamental para o país", afirmou em evento com executivos de finanças.
De acordo com ele, um dos segredos do crescimento do Brasil nos últimos anos foi a previsibilidade da economia. "A inflação previsível reduz os juros reais e isso permite um aumento dos investimentos das empresas."
A previsão do BC é que a inflação fique um pouco acima do centro da meta neste ano e um pouco abaixo dela em 2011.
Meirelles criticou o fato de ainda haver um debate a respeito de uma possível influência positiva de "um pouco de inflação" para o crescimento da economia.
"Ainda temos um debate para evitar o custo de controlar a inflação. Custos existem, mas o que nós temos que ver é o custo/benefício e, nos últimos anos, essa relação foi muito positiva."
Meirelles aproveitou para defender seu papel no controle de preços. "É importante ter um piloto, mas não para dizer que só pode ter acelerador e não freio. Tem que ir na maior velocidade possível, mas sem inflação."


Texto Anterior: Análise: Aprendendo com a Grécia
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.