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Mantega quer importado contra inflação
Ministro da Fazenda afirma que governo poderá reduzir alíquota de importação para combater aumento de preços
Para o presidente do BC, Henrique Meirelles, "inflação previsível" foi segredo do crescimento da economia
do país nos últimos anos
TATIANA RESENDE
GIULIANA VALLONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, defenderam ontem o
controle da inflação e esboçaram ideias de como manter a
taxa dentro da meta e o mais
próximo de seu centro (4,5%).
Mantega cogitou reduzir o
imposto de importação para
aumentar a concorrência dos
produtos trazidos do exterior
com os itens nacionais. Meirelles foi menos pontual.
"Se algum setor econômico
começar a abusar dos preços,
podemos baixar as alíquotas de
importação, por exemplo",
ameaçou Mantega.
O ministro afirmou, após visitar uma feira de construção,
que acompanha os preços dos
produtos mais importantes. "O
governo está vigilante, mas eu
não tenho notado anomalia."
A inflação oficial (IPCA) teve
alta de 0,52% em março e acumula elevação de 5,17% nos últimos 12 meses, o maior percentual desde maio de 2009
(5,20%). Esse foi o quinto mês
de elevação do índice, que desde janeiro está acima do centro
da meta.
Mantega ressaltou que a inflação "tem que ser uma preocupação permanente do governo" e o que está acontecendo é
"momentâneo", causado pelo
choque de oferta. "As chuvas
intensas acabaram elevando os
preços dos alimentos. Isso é
passageiro, sazonal, já está passando."
O custo dos alimentos disparou no início do ano, com alta
de 3,69% no primeiro trimestre
-elevação que já supera toda a
variação observada ao longo do
ano passado (3,18%).
A variação do IPCA de março, destacou, é menor do que
em janeiro e fevereiro. "A trajetória será descendente nos próximos meses. É claro que a economia brasileira está um pouco
mais aquecida, ocorre um pouco uma elevação de preços em
relação ao ano passado, que teve baixo nível de atividade",
disse. "O fundamental é que a
inflação não é de demanda."
Meirelles
Sem uma proposta nova,
Meirelles apenas defendeu
uma política rígida de combate
à inflação da equipe econômica
do governo. "O Banco Central
está comprometido com o sistema de metas de inflação e isso
é fundamental para o país",
afirmou em evento com executivos de finanças.
De acordo com ele, um dos
segredos do crescimento do
Brasil nos últimos anos foi a
previsibilidade da economia.
"A inflação previsível reduz os
juros reais e isso permite um
aumento dos investimentos
das empresas."
A previsão do BC é que a inflação fique um pouco acima do
centro da meta neste ano e um
pouco abaixo dela em 2011.
Meirelles criticou o fato de
ainda haver um debate a respeito de uma possível influência positiva de "um pouco de inflação" para o crescimento da
economia.
"Ainda temos um debate para evitar o custo de controlar a
inflação. Custos existem, mas o
que nós temos que ver é o custo/benefício e, nos últimos
anos, essa relação foi muito positiva."
Meirelles aproveitou para
defender seu papel no controle
de preços. "É importante ter
um piloto, mas não para dizer
que só pode ter acelerador e
não freio. Tem que ir na maior
velocidade possível, mas sem
inflação."
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