São Paulo, sexta, 10 de abril de 1998

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JAPÃO
País cede a pressões externas
Imposto terá redução de US$ 30,5 bi

MARCIO AITH
de Tóquio

Cedendo a pressões dos Estados Unidos e do FMI, o primeiro-ministro japonês, Ryutaro Hashimoto, anunciou ontem um corte temporário de US$ 30,5 bilhões em impostos e um gasto extra de US$ 76,3 bilhões em investimentos públicos.
As medidas visam reanimar a economia japonesa, a segunda maior do mundo, que se encontra estagnada.
Também ontem, o governo japonês interveio fortemente no câmbio. Agindo sob orientação do Japão, o Fed (banco central norte-americano) trocou US$ 500 milhões de dólares por ienes. A moeda japonesa valorizou-se 0,7%.
A intervenção recebeu elogios do secretário do Tesouro norte-americano, Robert Rubin. A medida já havia sido acertada entre os dois países há alguns dias.
O anúncio do pacote econômico e a intervenção no câmbio afetaram positivamente o mercado asiático, com a maioria das Bolsas e moedas em alta. A Bolsa de Tóquio subiu 0,98%.
Cortes temporários
Hashimoto disse que as medidas de estímulo à economia só serão detalhadas no final de abril. Ele adiantou que o corte dos impostos terá validade temporária. Metade (cerca de US$ 15 bilhões) vai vigorar somente para esse ano fiscal (1998-1999) e a outra, para o próximo (1999-2000). O corte será feito principalmente no imposto de renda das pessoas físicas, como uma forma de estimular a demanda interna no país.
Ao contrário da intervenção japonesa no câmbio, o pacote recebeu elogios serenos de Rubin. "Nós esperamos ver os detalhes das medidas no final do mês. É crucial que o Japão coloque rapidamente um forte programa de estímulos em ação", afirmou.
Alguns investidores disseram que esperavam o dobro em cortes de impostos e reclamaram pelo fato de serem temporários. Outros elogiaram, lembrando que US$ 30 bilhões são 2% do PIB japonês.
Ao anunciar as medidas, Hashimoto abandona em parte sua política de contenção de gastos
Ao anunciar as medidas, Hashimoto disse que quer mudar o menos possível a sua lei fiscal, aprovada há cinco meses e que é totalmente contrária a pacotes de estímulo à economia.
A lei exige que o governo corte totalmente, até o ano 2003, a emissão de títulos usados para financiar o déficit fiscal do Estado. São justamente esses títulos que vão financiar o corte de impostos e, por isso, a lei terá de ser alterada.
"Temos de continuar nossa reforma fiscal e, ao mesmo tempo, dar os passos para estimular nossa economia", disse Hashimoto durante o anúncio do pacote. "Mas é difícil prever qual será o efeito que os cortes terão no cotidiano do consumidor", reconhece ele.
O Japão detém cerca de 20% da economia mundial, um PIB de US$ 3,7 trilhões e reservas de US$ 223,5 bilhões.



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