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Brasil e Argentina "relançam" bloco
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Os chanceleres do Brasil e da
Argentina, Luiz Felipe Lampreia e
Adalberto Giavarini, deram ontem por bem-sucedido o que se
convencionou chamar de "relançamento do Mercosul".
É uma referência ao encontro
havido em Buenos Aires, no fim
do mês passado, entre ministros
do Exterior, Economia e Defesa
dos dois países, para tentar pôr
um ponto final a uma crise que o
próprio Lampreia definiu como a
mais grave do bloco, desde o seu
lançamento em 1991.
O êxito no "relançamento" ganhou endosso externo, pela voz
de Thomas McLarty, ex-enviado
especial para as Américas do presidente Bill Clinton. "Há um genuíno sentimento de renovação
do Mercosul", disse McLarty.
O "relançamento" caracteriza-se pela tentativa dos dois países de
fugir das disputas comerciais
pontuais, que envenenaram, no
ano passado, o relacionamento
bilateral, para buscar criar uma
convergência macroeconômica.
Na prática, significa o seguinte:
1 - Até setembro, os dois países
definirão critérios para harmonizar suas estatísticas referentes ao
déficit e à dívida pública. Hoje, a
Argentina toma como déficit público apenas o do governo central,
ao passo que o Brasil inclui Estados, municípios e estatais.
2 - Até março de 2001, serão discutidos o que o ministro brasileiro da Fazenda, Pedro Malan, chama de "parâmetros" para esses
mesmos indicadores.
A partir de então, Brasil e Argentina tratarão de fazer com que
dívida e déficit públicos se equivalham nos dois países, mas sem um
horizonte de tempo definido para
chegar a esse ponto.
Os dois países deixaram de lado
pelo menos por ora a convergência tributária e cambial, porque
entendem que discuti-la agora levaria "a acidentes de percurso",
na expressão de Lampreia.
Ou, como preferiu Giavarini,
discutir o câmbio "será a culminação natural" do processo de
convergência macroeconômica.
Traduzindo: em algum momento do futuro relativamente
próximo, ou a Argentina abandona sua rígida política cambial em
que um peso vale um dólar e deixa a moeda flutuar ou o Brasil
muda a sua política de flutuação
para adotar o modelo argentino.
Só assim seria possível harmonizar as políticas macroeconômicas dos dois principais sócios do
Mercosul, pré-requisito para que
lancem uma moeda comum, que
está em um horizonte ainda mais
remoto de tempo.
(CR)
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