São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2000


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Brasil e Argentina "relançam" bloco

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Os chanceleres do Brasil e da Argentina, Luiz Felipe Lampreia e Adalberto Giavarini, deram ontem por bem-sucedido o que se convencionou chamar de "relançamento do Mercosul".
É uma referência ao encontro havido em Buenos Aires, no fim do mês passado, entre ministros do Exterior, Economia e Defesa dos dois países, para tentar pôr um ponto final a uma crise que o próprio Lampreia definiu como a mais grave do bloco, desde o seu lançamento em 1991.
O êxito no "relançamento" ganhou endosso externo, pela voz de Thomas McLarty, ex-enviado especial para as Américas do presidente Bill Clinton. "Há um genuíno sentimento de renovação do Mercosul", disse McLarty.
O "relançamento" caracteriza-se pela tentativa dos dois países de fugir das disputas comerciais pontuais, que envenenaram, no ano passado, o relacionamento bilateral, para buscar criar uma convergência macroeconômica.
Na prática, significa o seguinte:
1 - Até setembro, os dois países definirão critérios para harmonizar suas estatísticas referentes ao déficit e à dívida pública. Hoje, a Argentina toma como déficit público apenas o do governo central, ao passo que o Brasil inclui Estados, municípios e estatais.
2 - Até março de 2001, serão discutidos o que o ministro brasileiro da Fazenda, Pedro Malan, chama de "parâmetros" para esses mesmos indicadores.
A partir de então, Brasil e Argentina tratarão de fazer com que dívida e déficit públicos se equivalham nos dois países, mas sem um horizonte de tempo definido para chegar a esse ponto.
Os dois países deixaram de lado pelo menos por ora a convergência tributária e cambial, porque entendem que discuti-la agora levaria "a acidentes de percurso", na expressão de Lampreia.
Ou, como preferiu Giavarini, discutir o câmbio "será a culminação natural" do processo de convergência macroeconômica.
Traduzindo: em algum momento do futuro relativamente próximo, ou a Argentina abandona sua rígida política cambial em que um peso vale um dólar e deixa a moeda flutuar ou o Brasil muda a sua política de flutuação para adotar o modelo argentino.
Só assim seria possível harmonizar as políticas macroeconômicas dos dois principais sócios do Mercosul, pré-requisito para que lancem uma moeda comum, que está em um horizonte ainda mais remoto de tempo. (CR)



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