São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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MERCADO TENSO

Incertezas no cenário político fazem moeda dos EUA fechar em R$ 2,472; Bovespa desaba e risco-país sobe

Dólar dispara e tem maior cotação do ano

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

As incertezas no cenário político levaram ontem o dólar a atingir seu maior valor neste ano. A moeda norte-americana encerrou o dia em alta de 1,35%, a R$ 2,472.
A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 4,08%, para 12.101 pontos.
Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, tiveram desvalorização de 1,6%. O risco-país, medido pelo JP Morgan, subiu 5,7%, para 949 pontos. Esses indicadores caíram para níveis tão baixos quanto os de novembro de 2001, quando a crise argentina centralizava as atenções.
Os mercados doméstico e internacional passaram a especular com o risco político brasileiro em ano de eleições presidenciais.
Com a incerteza presente estava aberto o espaço para toda sorte de boataria, o que levou as empresas a buscar proteção. As operações de "hedge" foram responsáveis pela pressão sobre o dólar.
Até a subida nas pesquisas do candidato da oposição Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o mercado nem sequer cogitava a possibilidade de o atual governo não conseguir eleger seu sucessor.
Agora, já há quem fale numa vitória de Lula já no primeiro turno. Também preocupa o fato de o candidato do governo, José Serra (PSDB), não conseguir decolar na preferência do eleitorado.
A forte deterioração dos indicadores financeiros, particularmente ontem e que deverá prosseguir hoje, tem um motivo simples: a proximidade do final de semana. O mercado acredita que a imprensa poderá trazer novas denúncias que abalariam a candidatura Serra. Também deverá ser divulgada uma nova pesquisa de intenção de voto, que mostraria o pré-candidato do PSDB caindo do segundo para o quarto lugar.
"Não se sabe o que pode acontecer e todos correm para se proteger, seja comprando dólares ou diminuindo sua exposição em papéis brasileiros", explica o estrategista-chefe do JP Morgan, Luís Fernando Lopes.



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