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MERCADO TENSO
Mais do que eleições, indicadores negativos trazem pessimismo
Deterioração da economia afeta ânimo do investidor
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar e o risco-país voltaram
a subir, supostamente, por causa
do cenário eleitoral. Mas alguns
analistas ressaltam que não são
apenas os resultados das pesquisas de intenção de voto que tornaram o país mais vulnerável. Pelo
contrário, o mau desempenho da
economia brasileira seria a razão
para o mau humor do mercado.
De fato, os resultados do primeiro trimestre não são animadores. Na quarta-feira o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) revelou que a produção da indústria, após um ensaio
de recuperação que durou quatro
meses, caiu 0,8% em março.
Em fevereiro, o rendimento dos
trabalhadores caiu 1% em relação
a janeiro. A pesquisa do nível de
atividade da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo) revela queda nas contratações.
"Os sinais de recuperação estão
atrasados. A indústria não contratou em março, o que mostra que a
recuperação ainda não está tão
próxima", afirma Clarice Messer,
diretora da Fiesp.
Analistas de bancos e consultorias começaram a rever suas previsões. Já começam a afirmar que
o Brasil não deve crescer mais do
que 2% neste ano. Antes, o crescimento previsto era de 2,5%.
O baixo crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) pode fazer com que piorem indicadores
como a relação entre as dívidas
externa e interna e o PIB.
A balança comercial brasileira
acumula superávit de US$ 1,5 bilhão neste ano, mas à custa de
queda das importações. As exportações de abril, por exemplo, caíram quase 2% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Outro revés enfrentado pelo
Brasil é a queda da confiança dos
investidores internacionais. Não
apenas em relação ao país, mas a
todos os mercados emergentes.
No primeiro trimestre, o volume de negócios com títulos de
países emergentes caiu 4% em relação ao trimestre anterior e 14%
em relação ao mesmo período do
ano passado. Ou seja, há uma menor procura pelos títulos desses
países. Apenas o Brasil escapou
da queda, e o volume de negócios
com os títulos brasileiros subiu
4%. Mas a retração geral mostra
que o apetite por títulos está diminuindo, o que ajuda a explicar
parte do aumento do risco-país.
Outro indicador que preocupa
investidores é o nível da dívida
pública, que está em 55% do PIB.
O governo reduziu gastos e deve
"economizar" o equivalente a
3,5% do PIB. Mas há quem avalie
que o esforço é pequeno. O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, por exemplo, diz acreditar
que o esforço fiscal necessário para compatibilizar maior crescimento e queda da taxa de juros
deve ser de cerca de 8% do PIB.
"A relação entre a dívida e o PIB
é muita alta. É possível reduzi-la e
ao mesmo tempo baixar os juros.
Como? Fazendo ajuste fiscal", diz
Bresser Pereira.
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