São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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MONTADORAS

Ganho de US$ 2,97 bi custou a demissão de 23 mil funcionários

Nissan tem o maior lucro da história

France Presse
O brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Nissan, em Tóquio


JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Pelo segundo ano consecutivo, a Nissan, terceira maior montadora do Japão, apresentará resultado positivo em seu balanço. A empresa anunciou ontem os dados preliminares do ano fiscal de 2001 em que declara um lucro líquido de US$ 2,97 bilhões, o maior de sua história. O resultado é 13% maior que os US$ 2,65 bilhões de lucro líquido de 2000.
Ao anunciar os resultados, o presidente da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, declarava que a montadora estava cumprindo com um ano de antecedência as metas estabelecidas no plano de recuperação definido em 1999, quando assumiu o cargo. Naquele ano, a empresa amargou um prejuízo de US$ 5,47 bilhões.
O processo de reestruturação deflagrado por Ghosn, escolhido para o posto pela direção da Renault, a montadora francesa que em 1999 adquiriu 36,5% de participação na Nissan (o percentual hoje é de 44,4%), foi traumático.
O número de empregados da empresa no mundo caiu em 15%, de 148 mil, em março de 1999, para 125,1 mil neste ano. Das sete fábricas que mantinha no Japão quatro anos atrás três foram fechadas. Mas nesse período, a capacidade de produção utilizada nessas unidades passou da média de 51% para 74% atuais.
No ano passado, o faturamento total com vendas da empresa somou US$ 49,56 bilhões, alta de 1,8% sobre o período anterior.
A empresa anunciou ainda que o débito do ramo automotivo da Nissan recuou de US$ 7,6 bilhões, em 2000, para US$ 3,48 bilhões no ano passado.
Além de demitir funcionários e obter ganhos de produtividade, o principal fator que permitiu à Nissan os resultados expressivos em 2001 foi a pressão que exerceu sobre seus fornecedores para diminuírem seus preços. Deu resultado: a empresa poupou US$ 2 bilhões com a redução dos custos de compras de componentes.
A montadora negocia uma joint venture com a Dongfeng, a principal fábrica de carros da China e que pertence ao governo local, o que deve permitir a implantação de uma unidade no país comunista. Hoje, os japoneses mantém apenas uma parceria com a montadora chinesa.
Por três vezes, durante seu discurso, Ghosn citou o Brasil e China como mercados promissores. No Brasil, a empresa investiu US$ 100 milhões para a montagem de um de seus modelos em São José dos Pinhais (PR).

O jornalista JOSÉ ALAN DIAS viajou ao Japão a convite da Nissan

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