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FHC diz que lei
dos EUA premia
a incompetência
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem,
indiretamente, a nova lei agrícola dos EUA, chamada "Farm
Bill", que aumenta em US$ 5,6
bilhões por ano os subsídios
aos produtores rurais e, segundo ele, premia a "incompetência". A lei foi aprovada anteontem pelo Senado dos EUA.
FHC lembrou a reunião da
OMC (Organização Mundial
do Comércio) de Doha, no Qatar, no final do ano passado,
quando se decidiu incluir itens
como agricultura, antidumping e subsídios a exportações
na pauta de futura rodada de
negociação do organismo.
"Esperamos que Doha tenha
sido o início de um processo
que assegure um livre comércio de mão dupla, com ganhos
generalizados e equânimes, invertendo o atual estado de coisas, no qual a incompetência de
alguns, sobretudo na área agrícola, continua a prevalecer sobre o interesse de muitos", afirmou ele na abertura de reunião
da Cepal (Comissão Econômica das Nações Unidas para a
América Latina), em Brasília.
Segundo o presidente, está na
hora de a comunidade internacional evoluir para uma adesão
menos retórica aos princípios
do livre comércio. Ele reafirmou que nenhum projeto de
integração do hemisfério deve
prosperar sem que tenha a reciprocidade como fundamento.
"Apresentei em Québec [Canadá" as expectativas do Brasil
em relação à Alca [Área de Livre Comércio das Américas",
que se resumem na defesa de
um acesso desimpedido a todos os mercados. [..." Postulamos aquilo que me parece
constituir a razão de ser de
qualquer acordo liberalizante,
que é a quebra de barreiras",
afirmou.
FHC voltou a defender a criação de mecanismos internacionais para controlar a volatilidade do capital especulativo, apesar de reconhecer que, nos últimos dois anos, esteja desaparecendo a migração em bloco.
"Mas não podemos passar
um atestado de racionalidade a
quem vive da fabricação de expectativas e não responde a
motivação outra que não seja o
próprio lucro", disse.
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