São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 2002

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FHC diz que lei dos EUA premia a incompetência

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem, indiretamente, a nova lei agrícola dos EUA, chamada "Farm Bill", que aumenta em US$ 5,6 bilhões por ano os subsídios aos produtores rurais e, segundo ele, premia a "incompetência". A lei foi aprovada anteontem pelo Senado dos EUA.
FHC lembrou a reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) de Doha, no Qatar, no final do ano passado, quando se decidiu incluir itens como agricultura, antidumping e subsídios a exportações na pauta de futura rodada de negociação do organismo.
"Esperamos que Doha tenha sido o início de um processo que assegure um livre comércio de mão dupla, com ganhos generalizados e equânimes, invertendo o atual estado de coisas, no qual a incompetência de alguns, sobretudo na área agrícola, continua a prevalecer sobre o interesse de muitos", afirmou ele na abertura de reunião da Cepal (Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina), em Brasília.
Segundo o presidente, está na hora de a comunidade internacional evoluir para uma adesão menos retórica aos princípios do livre comércio. Ele reafirmou que nenhum projeto de integração do hemisfério deve prosperar sem que tenha a reciprocidade como fundamento.
"Apresentei em Québec [Canadá" as expectativas do Brasil em relação à Alca [Área de Livre Comércio das Américas", que se resumem na defesa de um acesso desimpedido a todos os mercados. [..." Postulamos aquilo que me parece constituir a razão de ser de qualquer acordo liberalizante, que é a quebra de barreiras", afirmou.
FHC voltou a defender a criação de mecanismos internacionais para controlar a volatilidade do capital especulativo, apesar de reconhecer que, nos últimos dois anos, esteja desaparecendo a migração em bloco.
"Mas não podemos passar um atestado de racionalidade a quem vive da fabricação de expectativas e não responde a motivação outra que não seja o próprio lucro", disse.



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