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POLÊMICA
Grupo inicia em Ponta Grossa campanha de invasão em áreas com plantações de sementes geneticamente modificadas
Protesto queima milho transgênico no PR
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Cerca de 3.000 pessoas, que participavam da Jornada de Agroecologia, em Ponta Grossa (120 km
a leste de Curitiba), invadiram
uma unidade experimental da
multinacional Monsanto do Brasil e queimaram 9 hectares de milho RR (transgênico) da empresa.
O protesto dos agroecologistas
aconteceu às 14h de ontem, depois que a plenária do evento
-que reuniu mais de 20 entidades ligadas à agricultura familiar,
ecológica e a movimentos de trabalhadores rurais- decidiu iniciar uma campanha de ação direta contra o plantio de transgênicos no país.
Em vários ônibus, os manifestantes chegaram a duas áreas experimentais da Monsanto do Brasil em Ponta Grossa e, depois de
colher o milho modificado geneticamente, fizeram enormes fogueiras no local. A PM do Paraná,
o Corpo de Bombeiros e o serviço
de segurança da multinacional
acompanharam à distância a manifestação. Não houve incidentes.
José Maria Tardin, da coordenação da Jornada de Agroecologia, disse que a principal deliberação da plenária foi a decisão "de
identificar áreas com plantios
transgênicos, em todo o país, e
apoiar a invasão dessas propriedades pelo MST [Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra"". Segundo Tardin, o movimento contra os transgênicos no
Brasil irá cobrar uma "posição
clara do governo federal sobre os
transgênicos e solicitar a expulsão
da Monsanto do país".
Darci Frigo, da ONG (organização não-governamental) Terra de
Direitos, disse que a multinacional incentiva o plantio clandestino de soja e milho geneticamente
modificados e que seus diretores
podem ser enquadrados "no crime de formação de quadrilha".
Os manifestantes dizem ainda
que o governo Lula está sofrendo
pressões de setores do Ministério
da Agricultura para a liberação
dos transgênicos. O principal alvo
dos agroecologistas é o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Amauri Dimarzio,
acusado de representar os interesses da Monsanto na pasta.
Dimarzio disse ontem que as
acusações são "maldades". Segundo ele, pelo fato de representar, até 2000, o setor de produção
de sementes e de participar de
reunião interministerial sobre o
problema dos transgênicos estão
fazendo essa ligação "maldosa"
com a Monsanto.
A Agência Folha entrou em
contato com a diretoria de Assuntos Corporativos e Comunicação
da Monsanto do Brasil. Apesar do
anúncio de que um assessor ligaria de volta, isso não aconteceu até
o fechamento desta edição.
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