UOL


São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÊMICA

Grupo inicia em Ponta Grossa campanha de invasão em áreas com plantações de sementes geneticamente modificadas

Protesto queima milho transgênico no PR

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Cerca de 3.000 pessoas, que participavam da Jornada de Agroecologia, em Ponta Grossa (120 km a leste de Curitiba), invadiram uma unidade experimental da multinacional Monsanto do Brasil e queimaram 9 hectares de milho RR (transgênico) da empresa.
O protesto dos agroecologistas aconteceu às 14h de ontem, depois que a plenária do evento -que reuniu mais de 20 entidades ligadas à agricultura familiar, ecológica e a movimentos de trabalhadores rurais- decidiu iniciar uma campanha de ação direta contra o plantio de transgênicos no país.
Em vários ônibus, os manifestantes chegaram a duas áreas experimentais da Monsanto do Brasil em Ponta Grossa e, depois de colher o milho modificado geneticamente, fizeram enormes fogueiras no local. A PM do Paraná, o Corpo de Bombeiros e o serviço de segurança da multinacional acompanharam à distância a manifestação. Não houve incidentes.
José Maria Tardin, da coordenação da Jornada de Agroecologia, disse que a principal deliberação da plenária foi a decisão "de identificar áreas com plantios transgênicos, em todo o país, e apoiar a invasão dessas propriedades pelo MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra"". Segundo Tardin, o movimento contra os transgênicos no Brasil irá cobrar uma "posição clara do governo federal sobre os transgênicos e solicitar a expulsão da Monsanto do país".
Darci Frigo, da ONG (organização não-governamental) Terra de Direitos, disse que a multinacional incentiva o plantio clandestino de soja e milho geneticamente modificados e que seus diretores podem ser enquadrados "no crime de formação de quadrilha".
Os manifestantes dizem ainda que o governo Lula está sofrendo pressões de setores do Ministério da Agricultura para a liberação dos transgênicos. O principal alvo dos agroecologistas é o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Amauri Dimarzio, acusado de representar os interesses da Monsanto na pasta.
Dimarzio disse ontem que as acusações são "maldades". Segundo ele, pelo fato de representar, até 2000, o setor de produção de sementes e de participar de reunião interministerial sobre o problema dos transgênicos estão fazendo essa ligação "maldosa" com a Monsanto.
A Agência Folha entrou em contato com a diretoria de Assuntos Corporativos e Comunicação da Monsanto do Brasil. Apesar do anúncio de que um assessor ligaria de volta, isso não aconteceu até o fechamento desta edição.


Texto Anterior: O vaivém das commodities
Próximo Texto: Bebidas: Cerveja cara faz a AmBev lucrar R$ 509 mi no primeiro trimestre
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.