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RECALL DE EMPRESAS
Deputado pretende contrariar governo em pontos do texto
Relator quer mudar Lei de Falências
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator do projeto da nova Lei
de Falências, deputado Osvaldo
Biolchi (PMDB-RS), anunciou
ontem que pretende contrariar a
visão do governo em pontos importantes do texto, a começar por
um tema central: o processo de
recuperação judicial de empresas.
Segundo o relato do próprio deputado, que pertence à base aliada
ao Planalto, a equipe econômica
discorda da idéia de permitir a recuperação -a nova versão proposta para a concordata- antes
da falência.
A Folha ouviu de um especialista do governo a avaliação de que,
tal como está, o projeto de Biolchi
pode abrir caminho para que empresas inviáveis recorram indiscriminadamente ao mecanismo da recuperação judicial.
Dessa forma, ganhariam prazo
para pagar suas dívidas e permaneceriam abertas por mais tempo,
adiando artificialmente uma quebra inevitável. Por isso, a Fazenda
defende que a recuperação seja
um benefício a ser concedido, caso a caso, a empresas com processo de falência já aberto.
O relator discorda: "Não haverá
a "indústria da recuperação'". O
novo mecanismo, que ele considera capaz de manter empregos e
valorizar o patrimônio das empresas, é um dos pontos de mais
apelo em seu projeto.
Biolchi não fez questão de esconder as divergências com o governo. De um documento cujo
conteúdo integral não revelou,
contou 38 propostas de alteração
rejeitadas em seu parecer. "Eles
não podem se queixar, porque
aceitei 45." Sem citar nomes, disse
ainda que teve, na semana passada, um desentendimento com
"uma pessoa do Executivo".
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