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HERANÇA DOS PLANOS
Governo vai baixar decreto para beneficiar os trabalhadores que desistiram de ações na Justiça
Correção do FGTS terá pagamento facilitado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio da Silva deverá assinar, nos próximos
dias, decreto simplificando as regras para o pagamento das perdas
do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) para os trabalhadores que desistiram de ações
na Justiça para cobrar a diferença.
A correção refere-se aos planos
econômicos Verão (16,65%) e
Collor 1 (44,8%).
O Ministério do Trabalho avalia
que a medida beneficiará mais de
610 mil pessoas que já assinaram
o acordo (formulário azul), mas
até agora não puderam sacar o dinheiro. Isso permitirá a injeção de
R$ 460 milhões na economia neste ano, segundo o ministério.
Desde que as perdas do FGTS
começaram a ser pagas aos trabalhadores, em junho do ano passado, somente 27 mil pessoas que
desistiram de ações na Justiça
conseguiram receber o dinheiro
ou o crédito na conta do Fundo. O
restante dos trabalhadores está à
espera do pagamento.
Segundo o secretário-executivo
do FGTS, Paulo Furtado, a burocracia para o pagamento é muito
grande. Isso porque, somente depois de a Justiça homologar a desistência da ação pelo trabalhador, a Caixa Econômica Federal
pode pagar ou creditar a diferença
na conta do titular do FGTS.
Furtado explica que o decreto
assegurará o pagamento imediato
a quem assinou o formulário azul.
O ato de assinatura passará a caracterizar a desistência da ação
-e não mais a homologação pela
Justiça.
"Mas o processo de homologação continua sendo necessário,
até para dar segurança jurídica ao
FGTS. A diferença é que o saque
poderá ser feito na data prevista
no calendário, sem demora", detalhou o secretário-executivo.
Ele acrescentou que o governo
avaliou juridicamente a possibilidade de fazer a simplificação dos
procedimentos para evitar riscos
para o fundo. "Qualquer tentativa
de receber o dinheiro com o acordo e também na Justiça é um ato
de má-fé", declarou Furtado.
A partir do próximo mês, a Caixa começará a pagar os expurgos
aos trabalhadores que têm acima
de R$ 5.000 e até R$ 8.000 para receber. O pagamento é parcelado
em sete vezes. Em janeiro do ano
que vem, os créditos acima de R$
8.000 começarão a ser feitos e o
pagamento também será dividido
em sete parcelas semestrais.
Números
Segundo a Caixa, ao final de janeiro deste ano já haviam sido pagos R$ 8 bilhões para 39,7 milhões
de contas -são 120 milhões de
contas com direito ao crédito dos
expurgos. O total de trabalhadores com direito aos créditos é de
38,8 milhões -29,3 milhões já firmaram a adesão ao acordo.
Para Mario Avelino, presidente
da ONG Instituto FGTS Fácil, o
trabalhador que entrar com ação
judicial tem algumas vantagens
em relação ao que não recorre.
A primeira é que não há o deságio (desconto), que pode chegar a
15% (para quem tem mais de R$
8.000 a receber). Segunda: não há
perda de juros anuais, que variam
de 2,75% a 12,64%. Terceira: não
há o parcelamento em até sete cotas semestrais. Quarto: mais 0,5%
de juros por mês sobre o valor da
ação, pelo tempo em que ela permanecer na Justiça.
Avelino diz que a decisão do governo merece aplausos, pois vai
beneficiar principalmente pessoas que têm até R$ 2.000 para receber -ele calcula que 90% dos
610 mil estejam nessa situação.
Colaborou a Reportagem Local
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