São Paulo, quarta, 10 de junho de 1998

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BANCOS
Contratos foram assinados ontem e negócio será anunciado hoje; valor a ser investido supera US$ 1 bilhão
Crédit Suisse fecha compra do Garantia

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O Crédit Suisse First Boston (CSFB) formalizou ontem a compra do Banco de Investimentos Garantia.
Os representantes das duas instituições estiveram reunidos durante todo o dia para a assinatura dos contratos, finalizando uma negociação que se arrastou por cerca de quatro meses. O anúncio oficial será feito hoje.
Segundo a Folha apurou, embora tenha relutado em pagar os US$ 1,5 bilhão pedidos inicialmente pelos sócios do Garantia, o total a ser investido pelo CSFB acaba superando US$ 1 bilhão, valor bem acima do que os compradores pretendiam inicialmente.
Isso não quer dizer que todo esse dinheiro entrará diretamente no bolso dos 19 sócios do banco brasileiro. A forma de pagamento tem um desenho complexo.
Boa parte do pagamento será feito com ações do próprio CSFB, o banco de investimentos do suíço Crédit Suisse. O CSFB, com sede em Nova York, resultou da fusão do banco de investimentos do Crédit Suisse com o First Boston.
O pagamento em ações se aplica principalmente aos quatro sócios que sabidamente deixarão o banco: Jorge Paulo Lemann, Cláudio Haddad, Marcel Hermann Telles e Carlos Alberto Sicupira, que detêm cerca de 60% do capital.
Eles, por sinal, não saem imediatamente. Haverá ainda um período de transição.
Para os sócios que ficam como executivos do banco, parte do valor a ser recebido está condicionada ao desempenho da instituição nos próximos três anos.
Existe ainda um detalhe curioso do pagamento. Até mesmo alguns funcionários que não são associados receberão uma parcela. A ação faz parte da estratégia do CSFB para reter as pessoas-chave.
Os executivos do Garantia manterão um bom grau de independência -fator que fez a balança pender a favor do CSFB e contra o outro pretendente, o Goldman Sachs-, mas passarão a responder diretamente aos executivos das áreas correspondentes em Nova York.
Todos os detalhes da operação estavam costurados desde a semana passada, restando ainda uma última perícia nas contas do Garantia, concluída agora.
Embora o Banco Central já tenha autorizado informalmente a operação, ela só se concretizará com a publicação do decreto presidencial, autorizando a entrada da instituição estrangeira no país, seguida da aprovação do Conselho Monetário Nacional.



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