São Paulo, quarta, 10 de junho de 1998

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COPA-98

Desempenho da Bolsa varia com a sorte da seleção

RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

O desempenho das Bolsas de Valores pode estar nos pés do centroavante Ronaldo, ou, o que é pior, nas mãos do goleiro Taffarel ou na cabeça do técnico Zagallo. Os investidores que acreditam em análises de empresas, modelos estatísticos ou até em informações privilegiadas podem balançar a cabeça, desconfiados. Mas o fato é que uma estranha coincidência tem unido os estádios e a Bolsa de São Paulo.
Um levantamento da Economática, escritório especializado em dados financeiros, mostra que em cinco das sete últimas Copas do Mundo a sorte do Brasil nos campos coincidiu com o desempenho das ações no mês seguinte à disputa. Em 70 e 94, os times de Pelé e Romário trouxeram a taça e os investidores "correram para o abraço", como se diz no jargão esportivo, com altas de 13,6% e 15,4%, respectivamente, nas ações.
A escrita só foi quebrada em 78 e 90, quando a seleção perdeu, mas os investidores apresentaram um bom resultado dentro das quatro linhas do salão da Bolsa.
Pode ser que alguém ache que as exceções confirmam a regra. Afinal, o Brasil foi campeão moral em 78, segundo o ex-treinador Claudio Coutinho, e o resultado final em 90 foi queda de 72,6% das cotações no ano.
Os mais inspirados podem achar que, por trás das coincidências, há uma explicação: a vitória da pátria de chuteiras injetaria otimismo na economia. Mas é um exagero vender ações por causa dos problemas na panturrilha do artilheiro Romário. "A coincidência nos resultados é apenas uma curiosidade. Quem dera o preço das nossas ações dependesse apenas das jogadas de Ronaldinho", diz Fernando Exel, sócio da Economática.
Coincidência ou não, quem trabalha no mercado financeiro não quer ficar de fora da corrente para a frente do futebol. Os operadores da BM&F (Bolsa de Mercadoria & Futuros) estão apostando dinheiro do próprio bolso nos resultados da Copa. As últimas cotações dão o Brasil como favorito, e, em seguida, Alemanha, Argentina, França e Itália.



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