São Paulo, quarta, 10 de junho de 1998

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EMERGENTE
Governo deve elevar juros
Agência reclassifica dívida russa

das agências internacionais

A Standard & Poor's, uma das maiores agências internacionais de avaliação de risco de crédito, divulgou ontem um relatório no qual reclassifica para baixo a dívida externa da Rússia.
Analistas da S&P afirmaram que a mudança foi feita em virtude das dificuldades fiscais do país e da sua pouca flexibilidade para honrar obrigações externas.
O rebaixamento deverá forçar o governo russo a ter de oferecer juros mais elevados para conseguir vender os títulos de sua dívida.
A Rússia precisa arrecadar ao menos US$ 1,2 bilhão para pagar dívidas que vencem esta semana. Até o final do ano, deve honrar um total de US$ 33 bilhões. O banco central tem hoje cerca de US$ 10 bilhões em reservas.
O Tesouro russo pretende conseguir hoje US$ 1,1 bilhão em seu leilão semanal de títulos. Ainda esta semana, o governo quer colocar no mercado US$ 1 bilhão de bônus em marcos alemães.
Na última semana, o governo vendeu US$ 1,25 bilhão em eurobônus de cinco anos, pagando 6,50 pontos percentuais acima do rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano com o mesmo prazo de vencimento.
No final de maio, a Moody's Investors Service, outra agência de qualificação de risco de crédito, já havia rebaixado a dívida russa de longo prazo. A Fitch IBCA fez o mesmo na semana passada.
Segundo a S&P, o enorme déficit orçamentário está agravando a dependência da Rússia de financiamento externo.
O problema é considerado de difícil resolução a médio prazo, de acordo com o relatório da agência.
Ontem, o mercado acionário russo fechou com queda de 2,6%. As ações acumulam queda de 33% no último mês.
Grupo dos 7
Representantes do G-7, grupo que reúne os países mais industrializados do mundo, começaram ontem sua reunião em Paris para discutir como ajudar a Rússia a honrar sua dívida interna e externa e a evitar a desvalorização do rublo, a moeda local. O encontro será encerrado hoje.
Investidores adquiriram títulos da dívida russa na semana passada diante da expectativa de que a reunião do G-7 vai resultar em um pacote de socorro financeiro entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões. Autoridades russas insistem em declarar que o país não precisa de ajuda externa.
"Há muitos riscos. Se não houver uma mensagem clara, veremos uma nova saída de capitais", afirmou Jerome Booth, chefe do departamento de pesquisa sobre mercados emergentes do ANZ Investment Bank.
"O rebaixamento da S&P não faz tanta diferença", disse ontem Nicholas Cournoyer, do Montepelier Asset Management. "Se a Ucrânia consegue vender bônus, a Rússia também vai conseguir." Alguns analistas dizem que os investidores já estavam esperando pelo rebaixamento.



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