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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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REMÉDIO AMARGO

Segundo critério de mercado, Brasil teve recessão no 1º semestre; consumo das famílias encolhe desde 2001

PIB caiu 0,9% no 2º trimestre, diz Ipea

ANDRÉ SOLIANI
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A economia recuou 0,9% de abril a junho, em comparação ao primeiro trimestre deste ano, segundo projeção do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Nos três primeiros meses de 2003, o PIB (Produto Interno Bruto) já havia caído 0,1% em relação ao último trimestre de 2002.
O dado confirma o fraco desempenho da economia brasileira na primeira metade do ano. A estimativa do Ipea (órgão do governo, subordinado ao Ministério do Planejamento) consta do boletim de junho do instituto .
Se o conceito de desempenho da economia adotado pelos mercados internacionais fosse aplicado ao Brasil, o primeiro semestre seria considerado recessivo. Segundo esse conceito, toda vez que o crescimento econômico cai por dois trimestres consecutivos (em relação aos imediatamente anteriores), tecnicamente o país está em recessão.
Como os especialistas prevêem uma melhora para o segundo semestre, 2003 será de crescimento pífio, mas não exatamente de recessão. "A economia está quase parando, e o crescimento de 1,6% previsto para o ano é medíocre", afirma o economista do Ipea Eustáquio Reis. "Mas não caracteriza uma recessão".
Em relação ao mesmo período de 2002, o aumento da atividade econômica no segundo trimestre deverá ser de apenas 0,7%, segundo o Ipea. No primeiro trimestre, o crescimento foi de 2%.
O segundo trimestre deste ano será o oitavo consecutivo de queda no consumo das famílias, que são responsáveis por movimentar quase 60% do PIB.
As pequenas taxas de crescimento ao longo dos últimos dois anos não beneficiaram diretamente a maioria da população brasileira, que precisou apertar o cinto e reduzir suas compras. Essa queda no consumo das famílias é medida em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
A diminuição do consumo é consequência do desaquecimento do mercado interno provocado pelos juros altos.
Entre o segundo semestre de 2002 e 2003, foram as exportações que funcionaram como uma válvula de escape para a recessão no mercado doméstico. De acordo com o economista Juan Pedro Jensen, da consultoria Tendências, não fosse o crescimento de mais de 20% das vendas externas nos últimos três trimestres, não haveria variação positiva do PIB.
Enquanto as exportações cresciam, o consumo das famílias caiu 2,26% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2002. Para o segundo trimestre, a previsão é de queda de 1,64%.


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