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REMÉDIO AMARGO
Segundo critério de mercado, Brasil teve recessão no 1º semestre; consumo das famílias encolhe desde 2001
PIB caiu 0,9% no 2º trimestre, diz Ipea
ANDRÉ SOLIANI
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A economia recuou 0,9% de
abril a junho, em comparação ao
primeiro trimestre deste ano, segundo projeção do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada). Nos três primeiros meses de
2003, o PIB (Produto Interno Bruto) já havia caído 0,1% em relação
ao último trimestre de 2002.
O dado confirma o fraco desempenho da economia brasileira na
primeira metade do ano. A estimativa do Ipea (órgão do governo, subordinado ao Ministério do
Planejamento) consta do boletim
de junho do instituto .
Se o conceito de desempenho
da economia adotado pelos mercados internacionais fosse aplicado ao Brasil, o primeiro semestre
seria considerado recessivo. Segundo esse conceito, toda vez que
o crescimento econômico cai por
dois trimestres consecutivos (em
relação aos imediatamente anteriores), tecnicamente o país está
em recessão.
Como os especialistas prevêem
uma melhora para o segundo semestre, 2003 será de crescimento
pífio, mas não exatamente de recessão. "A economia está quase
parando, e o crescimento de 1,6%
previsto para o ano é medíocre",
afirma o economista do Ipea Eustáquio Reis. "Mas não caracteriza
uma recessão".
Em relação ao mesmo período
de 2002, o aumento da atividade
econômica no segundo trimestre
deverá ser de apenas 0,7%, segundo o Ipea. No primeiro trimestre,
o crescimento foi de 2%.
O segundo trimestre deste ano
será o oitavo consecutivo de queda no consumo das famílias, que
são responsáveis por movimentar
quase 60% do PIB.
As pequenas taxas de crescimento ao longo dos últimos dois
anos não beneficiaram diretamente a maioria da população
brasileira, que precisou apertar o
cinto e reduzir suas compras. Essa
queda no consumo das famílias é
medida em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
A diminuição do consumo é
consequência do desaquecimento
do mercado interno provocado
pelos juros altos.
Entre o segundo semestre de
2002 e 2003, foram as exportações
que funcionaram como uma válvula de escape para a recessão no
mercado doméstico. De acordo
com o economista Juan Pedro
Jensen, da consultoria Tendências, não fosse o crescimento de
mais de 20% das vendas externas
nos últimos três trimestres, não
haveria variação positiva do PIB.
Enquanto as exportações cresciam, o consumo das famílias caiu
2,26% no primeiro trimestre em
relação ao mesmo período de
2002. Para o segundo trimestre, a
previsão é de queda de 1,64%.
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