DA REUTERS

O anúncio de que o segundo maior banco da Rússia, o estatal Vneshtorgbank (VTB), acertou a compra de 86% do Guta Bank acalmou o sistema bancário russo no dia de ontem.
"A aquisição do Guta Bank permitirá que as suas operações sejam totalmente retomadas, incluindo operações de crédito, em uma semana", explicou o comunicado conjunto das instituições.
O Guta Bank havia informado no começo desta semana que deixaria de pagar aos depositantes e de fazer transações porque estava sem recursos em caixa.
Outro banco russo em dificuldade, o Alfa Bank, informou ontem que seus acionistas estão dispostos a injetar até US$ 1,2 bilhão na instituição, mas o vice-presidente do conselho do banco, Andrei Kosogof, afirmou não ver necessidade do aporte.
O Alfa Bank, maior banco privado daquele país, enfrentou uma demanda incomum de saques durante a semana em meio à crise do setor na Rússia.

Depósitos
Para o vice-presidente, os problemas estarão resolvidos até a segunda-feira. "Ontem chegou a haver um aumento de US$ 1,5 milhão no total de depósitos", disse. O banco anunciou a ampliação do expediente de suas agências e a convocação de funcionários em férias para atender o aumento no volume de clientes.
No entanto, o banco informou que, por conta do excesso de trabalho, irá adiar para outubro a emissão de até US$ 400 milhões em papéis de médio prazo, que estava prevista para este mês.
Outra medida divulgada pelo Alfa Bank foi a suspensão da cobrança de uma taxa extra de 10% sobre os saques. A medida havia sido adotada na última quinta-feira e levou pânico a seus correntistas, que correram para sacar seus depósitos.
"Na noite de quinta-feira, as filas haviam praticamente desaparecido nas agências bancárias e caixas automáticos do Alfa Bank em Moscou. Com isso, o conselho do banco pretende reduzir a taxa temporária ao seu nível normal a partir da semana que vem", anunciou a instituição.
"O comunicado do Alfa Bank significa que o corte nas reservas compulsórias feitos pelo Banco Central ajudou a acalmar as coisas", disse Frank Gill, estrategista de mercados emergentes da IdeaGlobal, de Londres. A medida a que se refere o estrategista foi a redução, pelo BC russo, dos depósitos compulsórios dos bancos, o que injetou recursos no sistema e afastou os riscos de falta de recursos para honrar os depósitos.
Segundo o ministro das Finanças, Alexei Kudrin, os problemas não contaminarão o setor como um todo. "Não existe crise bancária. O sistema está normal [...] O que vemos é um processo de reforma, e o fato de alguns bancos não conseguirem lidar com isso não deve contaminar o sistema."
Um outro banco, o Dialog-Optim, de médio porte, que parou de aceitar depósitos no dia 1º de julho, informou que sua situação havia sido estabilizada.

Lavagem de dinheiro
Os problemas no sistema bancário começaram depois que dois bancos pequenos, acusados de lavagem de dinheiro, perderam a licença para operar, o que gerou uma crise de confiança e falta de liquidez. A tensão levou os correntistas a correr para sacar seus depósitos, o que provocou enormes filas nas portas dos bancos, trazendo à lembrança dos russos os episódios do colapso do sistema bancário em 1998.