São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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MERCADO ABERTO

Juro menor não eleva dólar, diz banco

Mesmo se os juros caírem, o real não vai se desvalorizar significativamente em relação ao dólar. Os juros devem fazer o real perder apenas cerca de 10% de seu valor ante a moeda norte-americana.
A razão disso é o peso cada vez maior das commodities na valorização do real. O preço desses produtos subiu muito nos últimos dois anos e fez uma enxurrada de dólares inundar o Brasil, forçando a valorização do real.
A conclusão consta de estudo realizado pelo departamento econômico do Banco Itaú para avaliar o peso de cada um dos fatores responsáveis pela valorização recente do real. São três as causas: os juros altos, as commodities e o desequilíbrio em conta corrente nos EUA -este afeta a todos os países.
Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú, explicou que, primeiro, mediu-se a valorização das principais moedas ante o dólar, que foi de 7,3%. Esse foi o peso dos EUA sobre o câmbio.
Para medir o efeito da alta das commodities, calculou-se a valorização do câmbio na Austrália e no Chile, dois grandes exportadores de commodities e que gozam de uma situação estável.
Nos dois últimos anos, a valorização foi de 15,6% nesses dois países. Ao retirar os 7,3% do efeito EUA sobre o câmbio, o estudo diz que o peso das commodities sobre o câmbio foi de 8,3%.
Como no Brasil a valorização do real nesses dois últimos anos foi de 26%, extraindo-se os 8,3% do peso das commodities medidos na Austrália e no Chile, chega-se à conclusão de que o efeito dos juros altos sobre o câmbio foi de 10,4%. Ou seja, pouco maior que o peso das commodities.
Para Málaga, essa constatação é importante para o país se conscientizar de que terá de recorrer a outros instrumentos, além do câmbio, para poder tornar competitivas as exportações de manufaturados. Afinal, o Brasil tende a se tornar cada vez mais exportador de commodities.
A saída, de acordo com o economista, é o país dar prioridade às reformas trabalhista e tributária. O Brasil precisa urgentemente baixar o custo dos encargos sociais para as empresas, entre outras medidas, senão continuará sendo difícil aumentar a competitividade dos manufaturados. Assim como é fundamental também a simplificação da legislação trabalhista.

CAFÉ PARA DEGUSTAR
O grupo Pão de Açúcar quer conferir ao café o mesmo status de que desfruta o vinho. Para isso, contratou a consultora de cafés Eliana Relvas para treinar funcionários e dar palestras para clientes. O objetivo de Relvas é mostrar ao consumidor as peculiaridades do café. "Eu ensino como diferenciar os tipos de café, como escolher a marca mais adequada para cada tipo de comida e como degustar a bebida", diz a consultora. Para ela, o brasileiro consegue notar as nuances de cada produto, mas não sabe explica por quê. A próxima etapa da preparação dos atendentes do Pão de Açúcar incluirá visitas a fazendas de café. Para dar mais destaque às marcas nos supermercados, a empresa reformulou as prateleiras onde eles estão expostos.

SEM SONEGAÇÃO
Depois dos medidores de vazão instalados nas fábricas de bebidas, a Receita Federal está prestes a conceber um sistema para evitar a sonegação. A pedido do grupo ETCO, a FGV-RJ desenvolve um painel de controle que permitirá cruzar os dados dos medidores com informações do mercado de cerveja. A inovação traz mais precisão na análise do montante arrecadado pelo setor e permite combate mais efetivo à sonegação.

NOVO TERMÔMETRO
Flávio Rocha, do Riachuelo e presidente do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), anuncia nos próximos dias a criação de um novo indicador, o índice antecessor de consumo. Será produzido mensalmente com base em pesquisa com 100 executivos de 30 empresas com o intuito de saber o que eles estão prevendo para o comércio. O objetivo, de acordo com Rocha, é buscar o melhor retrato do futuro da economia.

MULTIFUNCIONAL
O diretor de Marketing da rede Atlantica Hotels, Marcelo Bicudo, também irá atuar como diretor voluntário do comitê de jovens empreendedores da Fiesp. Recentemente, também assumiu uma posição na diretoria do conselho do departamento de comunicação e marketing da entidade. Ele assume a missão de integrar os jovens empresários às frentes de trabalho da Fiesp.

DIAGNÓSTICO EM ALTA
O vice-presidente comercial do Dasa (Diagnósticos da América S.A.), Fabiano Monteiro Alves, prevê um crescimento de receita de R$ 100 milhões neste ano, gerado a partir de aquisições. Desde 2002, as compras da empresa aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília. Alves diz que a estratégia do grupo é crescer em escala com rigor na controle de qualidade.

PORTO AMBIENTAL
Jerzy Gohlke, uma das maiores autoridades em licenciamento ambiental portuário da União Européia, do Instituto Ambiental de Niedersachsen, da Alemanha, vem participar de seminário internacional de gestão portuária, entre os dias 8 e 11 de agosto, em Paranaguá (PR). O evento é promovido pela APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina).

ÍNDICES MALDITOS
Os contratos dos preços administrados são alvo recorrente de críticas por utilizar o IGP-DI como indexador. O índice costuma apresentar variação superior ao IPCA. Na sexta-feira, saiu o resultado do IPCA, que registrou alta de 7,27% no acumulado dos últimos 12 meses. Enquanto o IGP acumula, no mesmo período, alta de 6,50%. Prevalece a maldição dos índices.

PAREDE LUCRATIVA
Para evitar os desperdícios em obras, a Tecno Logys desenvolveu um sistema construtivo em blocos de cerâmica capaz de reduzir em até 10% o custo total da obra. "O processo é parecido com os brinquedos da Lego", explica Valério Dornelles, presidente da empresa. Com as peças, Dornelles evita cortes desnecessários de materiais para as paredes. O sistema já é adotado hoje pelas maiores construtoras do país, como Cyrela e Camargo Corrêa. A Tecno Logys, presente em mais de 200 edifícios de São Paulo, vai partir para desenvolver projetos fora do Estado. A primeira parada é Belo Horizonte, mas Dornelles espera estar em dez capitais até 2007. Ele estima um faturamento de R$ 15 milhões para este ano, um aumento de 70% ante 2004.

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