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OUTRO LADO
Consultoria afirma ser vítima de "perseguição"
DA REPORTAGEM LOCAL
A Master Consultoria Tributária, apontada pela força-tarefa como a mentora do esquema de exportação fictícia, nega que trabalhe de forma ilegal com seus clientes e acredita ser vítima de "perseguição" de auditores fiscais.
Em texto encaminhado à Folha,
a Master informa que "presta
consultoria na área tributária a diversas empresas de renome no cenário empresarial nacional, principalmente no que diz respeito ao
aproveitamento de créditos de
ICMS, PIS e Cofins, face ao disposto na chamada Lei Kandir".
Informa que a empresa orienta
seus clientes, "entre outras questões relacionadas à área fiscal, ao
planejamento tributário decorrente da exportação dos mais diversos produtos. Os trabalhos desenvolvidos com os clientes sempre foram pautados pela irrestrita
observância das recomendações
legais, respaldando os lançamentos contábeis e fiscais do aproveitamento do crédito tributário".
A Master informa ainda que
orienta os clientes para que "adquiram no mercado nacional o
produto "in natura", procedam a
sua industrialização (transformação) e efetivem a venda desse produto às empresas que atuam no
comércio internacional. E que deverão comprovar a realização
dessa exportação por meio da
emissão do "memorando de exportação". Assim procedendo,
qual seria o ilícito perpetrado?".
A consultoria informa que após
essa fase "não tem mais nenhuma
participação no desenvolvimento
dos atos subseqüentes, ficando a
cargo de auditores independentes, de absoluto renome e reconhecida competência, perquirirem da lisura dos documentos
emitidos para a efetivação da operação". No texto encaminhado à
Folha, a consultoria informa que,
"a partir de "denúncia anônima", a
Secretaria da Fazenda do Estado
de São Paulo, por meio de Antonio Carlos de Moura Campos, diretor-adjunto da Diretoria Executiva da Administração Tributária,
passou a "investigar", a partir de
novembro de 2004, as atividades
realizadas por alguns clientes da
Master".
A Master informa também que,
durante as investigações, o diretor-adjunto da Secretaria da Fazenda de São Paulo "apreendeu
em outro Estado (Mato Grosso),
no dia 4 de novembro do ano passado, sem mandado judicial, diversos documentos contábeis e
fiscais da Santa Cruz Industrial
Comercial e Agrícola Ltda., ameaçando os seus funcionários e o
contador da empresa de prisão.
Tais documentos não foram identificados e tampouco devidamente lacrados", menciona a nota.
A consultoria informa que a
Santa Cruz está questionando na
Justiça a forma como foi feita a
apreensão dos documentos.
"Além de demandas judiciais em
curso, a Santa Cruz questionou,
por diversas oportunidades, tanto
a Secretaria da Fazenda do Estado
de Mato Grosso como a Secretaria
da Fazenda do Estado de São Paulo, o procedimento "investigativo"
do sr. Moura. Nenhum dos questionamentos foi, até o presente,
respondido". Após oito meses de
apreensão de documentos da
Santa Cruz, segundo informa a
Master, "não foi lavrado nenhum
auto de infração que pudesse ensejar a prática, em tese, de qualquer ilícito tributário".
Benício Dantas, gerente da Sperafico da Amazônia, informa, por
e-mail, que a companhia processou soja recebida da Santa Cruz
no passado e que não tem ligação
com essa empresa nem com as
tradings Axis e Canorp.
A Sperafico possui esmagamento de soja em Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Tem capacidade para processar mais de 7.000 toneladas de
grãos por dia. Entre os principais
clientes, estão Cargill, Bunge,
ADM, Seara, Avipal e Coinbra.
O gerente informa que a Sperafico sabia da investigação da força-tarefa e que a empresa foi visitada por fiscais de São Paulo e de
Mato Grosso no ano passado.
"Estamos os atendendo com toda
documentação solicitada."
A empresa nega qualquer envolvimento com o suposto esquema de exportação fictícia. "Possuímos uma reputação nacional e
internacional pela qualidade de
nossos produtos, bem como pela
seriedade como nossos negócios
são conduzidos. Deve haver um
equívoco por parte da fiscalização." A Sperafico informa que
não foi notificada e que soube do
caso pela reportagem.
A Folha procurou representantes da Centúria, da Canorp, da Lógica e da GlobalBank Consulting,
mas não localizou a direção dessas duas empresas. (CR e FF)
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