São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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EUA tentam melhorar imagem na América Latina com pacote do FMI

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Durante meses, o governo dos EUA foi criticado por "desconhecer" e "ignorar" a América Latina. Agora, autoridades norte-americanas usam politicamente os pacotes de ajuda do FMI ao Brasil e ao Uruguai para melhorar sua imagem e provar seu interesse pela região.
O subsecretário de Estado para assuntos econômicos dos EUA, Alan Larson, disse ontem que os dois pacotes são sinais de que o presidente George W. Bush "não só prestou atenção" às reclamações de alguns líderes latino-americanos "como também agiu em resposta a elas".
Durante entrevista a um grupo de jornalistas latino-americanos, Larson disse ontem que a participação dos EUA nos recentes resgates financeiros do FMI "comprova a importância que a administração Bush dá à região."
Larson disse ainda que, somados à aprovação da TPA (Trade Promotion Authority) pelo Congresso dos EUA, os pacotes estabelecem "um clima muito favorável" às negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
"Esses eventos criam a plataforma necessária para o diálogo no hemisfério. Esse é um momento importante. O prospecto é ótimo para trabalharmos juntos."
A TPA é uma lei que permite à Casa Branca negociar acordos internacionais de livre comércio sem que o Congresso faça alterações. O presidente George W. Bush tentava obtê-la desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2001. Conseguiu aprová-la no Congresso há duas semanas e a promulgou na última segunda, numa cerimônia marcada pela presença de embaixadores latino-americanos. O avanço das negociações da Alca e da OMC (Organização Mundial do Comércio) dependiam da obtenção da TPA.
Larson disse que as negociações da Alca irão avançar no próximo ano, independentemente de quem for eleito no Brasil. "A lógica do comércio como motor de crescimento econômico e da redução da pobreza é muito forte. Ela irá prevalecer, seja quem estiver no comando no Brasil ou em qualquer outro país."
Segundo Larson, a experiência norte-americana é útil para mostrar que essas negociações vão progredir depois das eleições. "Desde o presidente Herbert Hoover (1929-1932), todos os políticos norte-americanos defenderam o livre comércio depois de chegarem à Casa Branca, independentemente do que haviam dito como candidatos".
A reação dos EUA ocorre meses depois de vários líderes latino-americanos terem criticado a Casa Branca.



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