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EUA tentam melhorar imagem na América Latina com pacote do FMI
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Durante meses, o governo dos
EUA foi criticado por "desconhecer" e "ignorar" a América Latina.
Agora, autoridades norte-americanas usam politicamente os pacotes de ajuda do FMI ao Brasil e
ao Uruguai para melhorar sua
imagem e provar seu interesse pela região.
O subsecretário de Estado para
assuntos econômicos dos EUA,
Alan Larson, disse ontem que os
dois pacotes são sinais de que o
presidente George W. Bush "não
só prestou atenção" às reclamações de alguns líderes latino-americanos "como também agiu em
resposta a elas".
Durante entrevista a um grupo
de jornalistas latino-americanos,
Larson disse ontem que a participação dos EUA nos recentes resgates financeiros do FMI "comprova a importância que a administração Bush dá à região."
Larson disse ainda que, somados à aprovação da TPA (Trade
Promotion Authority) pelo Congresso dos EUA, os pacotes estabelecem "um clima muito favorável" às negociações da Alca (Área
de Livre Comércio das Américas).
"Esses eventos criam a plataforma necessária para o diálogo no
hemisfério. Esse é um momento
importante. O prospecto é ótimo
para trabalharmos juntos."
A TPA é uma lei que permite à
Casa Branca negociar acordos internacionais de livre comércio
sem que o Congresso faça alterações. O presidente George W.
Bush tentava obtê-la desde que
assumiu o cargo, em janeiro de
2001. Conseguiu aprová-la no
Congresso há duas semanas e a
promulgou na última segunda,
numa cerimônia marcada pela
presença de embaixadores latino-americanos. O avanço das negociações da Alca e da OMC (Organização Mundial do Comércio)
dependiam da obtenção da TPA.
Larson disse que as negociações
da Alca irão avançar no próximo
ano, independentemente de
quem for eleito no Brasil. "A lógica do comércio como motor de
crescimento econômico e da redução da pobreza é muito forte.
Ela irá prevalecer, seja quem estiver no comando no Brasil ou em
qualquer outro país."
Segundo Larson, a experiência
norte-americana é útil para mostrar que essas negociações vão
progredir depois das eleições.
"Desde o presidente Herbert
Hoover (1929-1932), todos os políticos norte-americanos defenderam o livre comércio depois de
chegarem à Casa Branca, independentemente do que haviam
dito como candidatos".
A reação dos EUA ocorre meses
depois de vários líderes latino-americanos terem criticado a Casa Branca.
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