São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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Morgan Stanley reduz perspectiva da dívida brasileira, Goldman sobe

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Durou pouco a euforia do mercado internacional em relação ao megapacote do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o Brasil. No dia seguinte à reação positiva de Wall Street, o banco de investimentos norte-americano Morgan Stanley Dean Witter rebaixou a perspectiva do real para negativa.
Em comunicado distribuído a seus investidores, os analistas do Morgan Stanley afirmam que, "com o anúncio do acordo, nos sentimos confortáveis em restabelecer uma perspectiva negativa para a moeda brasileira". O banco mantém a atual classificação de "desempenho de mercado" para os títulos da dívida brasileira, mas agora muda sua avaliação para viés negativo.
Para a instituição financeira, o maior banco de investimentos de Wall Street, a redução do piso das reservas internacionais líquidas de US$ 15 bilhões para US$ 5 bilhões resolve os problemas de liquidez para este ano.
Além disso, os US$ 24 bilhões previstos para 2003 tornam as necessidades externas do Brasil financiáveis, mas a meta de superávit primário em 3,75% do PIB foi considerada "decepcionante" no relatório.

Goldman eleva
Já o Goldman Sachs fez o caminho inverso e elevou ontem de "abaixo da média de mercado" para "neutra" a recomendação do Brasil em seu portfólio-modelo de ações. No mesmo dia, mudou sua exposição nas instituições financeiras brasileiras de "abaixo da média de mercado" para "nível de mercado".
O banco de investimentos avalia que os bancos brasileiros devem melhorar com a diminuição dos riscos de moratória e cita o Itaú como destaque no setor financeiro. O Goldman também melhorou sua exposição nas empresas de telecomunicações, e, entre as ações listadas como favoritas, estão a Brasil Telecom, Telemig Celular e Tele Centro Oeste Celular.
A entidade cita o acordo fechado entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional como justificativa para as medidas. A mudança vem uma semana depois de o Goldman Sachs ter anunciado a redução de sua exposição a títulos da dívida de diversos países da América Latina, incluindo o Brasil.
Apesar da melhora geral na avaliação do país, os analistas do banco de Wall Street afirmam que o Brasil ainda enfrenta riscos de longo prazo, já que o acordo com o FMI não levou em conta reformas estruturais e não mudou as políticas monetária e fiscal para 2002 e 2003.



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