São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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CRÉDITO

Índice só perde para o de dezembro de 2003; melhora na renda e alternativas de empréstimo facilitam quitação de dívidas

Inadimplência tem a 2ª menor taxa em SP

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo registrou a segunda melhor taxa líquida de inadimplência de sua história em julho, segundo cálculos obtidos pela Folha com a Associação Comercial de São Paulo. O número atingiu 3,3% -de cada 100 operações, cerca de 3 terminaram em calote. Em termos nacionais, outro levantamento, o do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), mostra que, em julho, pela primeira vez no ano, houve "superávit" em relação ao volume de entradas e saídas de consumidores na lista de inadimplentes.
O saldo foi positivo em 923.289 pessoas. Isso significa que, em julho, um maior número de consumidores quitou as pendências atrasadas (3.661.961) e saiu do banco de inadimplentes. No mesmo período, um volume menor de pessoas (2.738.672) atrasou as contas e entrou nesse grupo.
Alternativas de crédito barato -como o empréstimo bancário vinculado ao contracheque- e a leve melhora na renda após maio ajudaram nesse resultado. Além disso, o temor do desemprego levou o trabalhador a evitar gastos e a colocar as contas em dia.
"Esperávamos um saldo positivo só a partir de outubro. Ficamos surpresos", diz Edson Monteiro, presidente do SCPC, empresa para análise de crédito, que tem banco de dados com 550 mil varejistas associados. As lojas passam informações para o cadastro, e contas com mais de 30 dias em atraso entram na lista de inadimplentes.
O departamento de Economia da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) informou, também ontem, que a taxa líquida de inadimplência voltou a cair em São Paulo (passou de 4,3% em junho para 3,3% em julho). Em julho de 2003, o número alcançou 5,2%.
Para chegar a essa taxa, a entidade levanta o total de registros de contas em atraso e subtrai dele o volume de registros cancelados. Com o número em mãos, ela o divide pelo total de operações de venda no varejo. É a forma correta de cálculo.
A taxa mais baixa já verificada até hoje foi registrada em dezembro de 2003 (1,9%). Mas é natural que isso ocorra nessa época por conta da chegada do 13º salário. Além disso, no ano passado a demanda caiu de forma brusca, e muitas pessoas usaram os recursos para, basicamente, limpar o nome na praça. A ACSP faz o levantamento desde a década de 60.
Dados do Banco Central mostram que caiu o volume em atraso nas operações de crédito pessoal e em utilização no cheque especial. Em maio de 2004, existiam R$ 1,137 bilhão em atraso -de 31 a 90 dias- no crédito pessoal. Em junho deste ano, o montante foi de R$ 1,041 bilhão. Num prazo menor -atraso de 15 a 30 dias- o volume, porém, subiu.
"Mais consumidores podem chegar ao final do ano no azul. Logo, teremos espaço para uma retomada mais consistente da demanda", analisa Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Para ele, esse movimento mostra que é hora de o "spread" bancário (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes) cair. O "spread" é calculado, em parte, com base no sobe-e-desce da inadimplência. Se essa taxa aumenta, o "spread" tende a subir.
São os bancos, por meio de suas financeiras -como Losango e Fininvest-, que "emprestam" dinheiro às lojas para as vendas a prazo e determinam o "spread". Ao ano, o "spread" cobrado para pessoa física pelos bancos estava em 45,01% em junho. E ele cai devagar: estava em 45,16% em maio.


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