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CRÉDITO
Índice só perde para o de dezembro de 2003; melhora na renda e alternativas de empréstimo facilitam quitação de dívidas
Inadimplência tem a 2ª menor taxa em SP
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo registrou
a segunda melhor taxa líquida de
inadimplência de sua história em
julho, segundo cálculos obtidos
pela Folha com a Associação Comercial de São Paulo. O número
atingiu 3,3% -de cada 100 operações, cerca de 3 terminaram em
calote. Em termos nacionais, outro levantamento, o do SCPC
(Serviço Central de Proteção ao
Crédito), mostra que, em julho,
pela primeira vez no ano, houve
"superávit" em relação ao volume
de entradas e saídas de consumidores na lista de inadimplentes.
O saldo foi positivo em 923.289
pessoas. Isso significa que, em julho, um maior número de consumidores quitou as pendências
atrasadas (3.661.961) e saiu do
banco de inadimplentes. No mesmo período, um volume menor
de pessoas (2.738.672) atrasou as
contas e entrou nesse grupo.
Alternativas de crédito barato
-como o empréstimo bancário
vinculado ao contracheque- e a
leve melhora na renda após maio
ajudaram nesse resultado. Além
disso, o temor do desemprego levou o trabalhador a evitar gastos e
a colocar as contas em dia.
"Esperávamos um saldo positivo só a partir de outubro. Ficamos
surpresos", diz Edson Monteiro,
presidente do SCPC, empresa para análise de crédito, que tem banco de dados com 550 mil varejistas associados. As lojas passam informações para o cadastro, e contas com mais de 30 dias em atraso
entram na lista de inadimplentes.
O departamento de Economia
da ACSP (Associação Comercial
de São Paulo) informou, também
ontem, que a taxa líquida de inadimplência voltou a cair em São
Paulo (passou de 4,3% em junho
para 3,3% em julho). Em julho de
2003, o número alcançou 5,2%.
Para chegar a essa taxa, a entidade levanta o total de registros de
contas em atraso e subtrai dele o
volume de registros cancelados.
Com o número em mãos, ela o divide pelo total de operações de
venda no varejo. É a forma correta
de cálculo.
A taxa mais baixa já verificada
até hoje foi registrada em dezembro de 2003 (1,9%). Mas é natural
que isso ocorra nessa época por
conta da chegada do 13º salário.
Além disso, no ano passado a demanda caiu de forma brusca, e
muitas pessoas usaram os recursos para, basicamente, limpar o
nome na praça. A ACSP faz o levantamento desde a década de 60.
Dados do Banco Central mostram que caiu o volume em atraso
nas operações de crédito pessoal e
em utilização no cheque especial.
Em maio de 2004, existiam R$
1,137 bilhão em atraso -de 31 a
90 dias- no crédito pessoal. Em
junho deste ano, o montante foi
de R$ 1,041 bilhão. Num prazo
menor -atraso de 15 a 30 dias-
o volume, porém, subiu.
"Mais consumidores podem
chegar ao final do ano no azul. Logo, teremos espaço para uma retomada mais consistente da demanda", analisa Emílio Alfieri,
economista da ACSP.
Para ele, esse movimento mostra que é hora de o "spread" bancário (diferença entre o custo de
captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes) cair. O
"spread" é calculado, em parte,
com base no sobe-e-desce da inadimplência. Se essa taxa aumenta,
o "spread" tende a subir.
São os bancos, por meio de suas
financeiras -como Losango e Fininvest-, que "emprestam" dinheiro às lojas para as vendas a
prazo e determinam o "spread".
Ao ano, o "spread" cobrado para
pessoa física pelos bancos estava
em 45,01% em junho. E ele cai devagar: estava em 45,16% em maio.
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