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Brasil é tímido na OMC, vê especialista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Único arbitro brasileiro no Órgão de Apelação da OMC (Organização Mundial do Comércio),
Luiz Olavo Baptista critica o Brasil
pela falta de agressividade na imposição de barreiras a importações, que são permitidas pelas regras internacionais de comércio.
"O Brasil não tem feito o dever
de casa -usar os instrumentos,
como os outros fazem", disse, ontem, o professor de direito internacional, em entrevista a jornalistas.
Os instrumentos aos quais Baptista se refere são as medidas de
salvaguarda e de antidumping
previstas no acordo da OMC. A
salvaguarda é levantada quando
um aumento brusco de importação provoca danos a uma indústria nascente do país. O antidumping protege os produtores nacionais de práticas comerciais desleais, como a exportação de mercadorias abaixo do preço de custo.
"Devemos usar isso com sabedoria, sem violação das regras,
mas no limite. Os Estados Unidos
fazem isso", disse Baptista, que
participou do seminário de abertura do Primeiro Curso de Advocacia Internacional do Estado,
promovido pela AGU (Advocacia
Geral da União), em Brasília.
Segundo o especialista, faltam,
no Brasil, funcionários em número suficiente para tocar uma
maior quantidade de casos. "É
preciso aparelhar os órgãos", diz
Baptista. A crítica, no entanto,
não é apenas em relação à estrutura do Estado.
Segundo ele, as universidades
também não se preocupam em
preparar advogados para atuar
nessa área, e os empresários não
conhecem as regras da OMC. O
início de uma investigação para a
implementação de uma barreira
começa com uma petição dos empresários que se sentem lesados.
Procurado por meio da assessoria de imprensa, o Ministério do
Desenvolvimento não se manifestou sobre as críticas até o fechamento desta edição.
No final de 2003, o Brasil tinha
cem medidas aplicadas contra as
exportações de outros países. A
maioria (88) era de processos antidumping. Os EUA lideram o
ranking dos países contra os quais
o Brasil abre processos.
Os dados não incluem as recentes vitórias brasileiras na OMC.
Nos últimos dois meses, o Brasil
conseguiu condenar, em primeira
instância, os subsídios norte-americanos ao algodão e os benefícios concedidos pela União Européia aos produtores de açúcar.
Caso os EUA apelem da decisão
da OMC, Baptista será um dos
responsáveis em julgar a questão.
No total, o Órgão de Apelação
conta com sete juízes.
No caso do açúcar, ele se disse
impedido de participar de um
eventual julgamento porque já
advogou para o setor.
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