São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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PREÇOS

Após deflação de junho, índice teve alta de 0,25% no mês passado, com aumentos localizados em apenas dois setores

IPCA sobe, mas ainda aponta ritmo menor

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionado por aumentos localizados, principalmente nas tarifas de telefonia fixa e nos preços dos combustíveis, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 0,25% em julho. Apesar da ligeira inflação, a maioria dos itens de consumo pesquisados pelo IBGE apresentou estabilidade ou mesmo queda nos preços, como no caso dos alimentos. A principal explicação para a estabilidade generalizada é o dólar baixo.
Segundo o IBGE, a análise dos índices anteriores e dos acumulados também demonstra que a inflação está num movimento de desaceleração. Em junho, o IPCA recuou (-0,02%). No ano, acumula 3,42%, o menor resultado dos primeiros sete meses desde 2000, quando ficou em 3,28%.
Nos últimos 12 meses, o IPCA está em 6,57%, também o menor desde o de junho do ano passado (6,06%). De acordo com o IBGE, os números demonstram que a inflação está em desaceleração.
Para agosto, não existem grandes pressões inflacionárias previstas para o IPCA. "Se esquecermos telefonia e combustíveis, percebe-se que os outros itens ficaram muito perto da estabilidade", disse a gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
Sozinha, a telefonia fixa respondeu por 60% do IPCA, com alta de 4,21% nas tarifas. O aumento é parte dos reajustes autorizados pela Anatel, e o impacto no índice foi de 0,14 ponto percentual.
Já o peso das despesas com gasolina e álcool foi de 0,06 ponto percentual. Em média, o álcool ficou 2,05% mais caro, e a alta acabou refletindo também no aumento de 0,87% no preço da gasolina, cuja composição inclui o álcool anidro.
A explicação para a alta dos combustíveis é que os preços vinham deprimidos ao longo do ano e os produtores conseguiram agora uma certa recuperação, por causa de fatores climáticos. Apesar de o álcool estar sofrendo pressões de alta em todas as regiões pesquisadas, o aumento dos combustíveis foi concentrado em Curitiba, São Paulo, Goiânia, Porto Alegre e Fortaleza.
Segundo Eulina, houve uma desaceleração grande em itens importantes e mesmo queda de preços, como no caso dos alimentos, que registraram deflação de 0,77%. "A não-pressão sobre a inflação está muito convincente no índice deste mês", afirmou.
Entre os 30 itens alimentícios que registraram deflação -muitos em período de safra-, Eulina destacou a queda nos preços da carne (-1,85%), da batata inglesa (-23,95%), do azeite (-6,71%), do tomate (-6,19%), do feijão-preto (-3,89%), do açúcar refinado (-3,60%), do arroz (-2,63%), do leite pasteurizado (-2,50%), do óleo de soja (-2,21%) e do pão francês (-0,97%).

Dólar
"Para a inflação como um todo, atribuímos a queda mais generalizada e a estabilidade de preços basicamente à contribuição do dólar baixo", explicou Eulina.
Mais diretamente, como nos preços dos artigos de limpeza (-0,02%) e dos artigos de TV e som (-0,34%), ou indiretamente, como na composição do preço dos insumos agrícolas, o dólar teve importante papel na contenção da inflação, segundo Eulina.
Os preços administrados também ajudaram. A energia elétrica, por exemplo, apresentou uma queda média de 0,35% nas tarifas, apesar do aumento do PIS e da Cofins no mês. A deflação é explicada pela redução no encargo de capacidade emergencial (seguro-apagão), de R$ 0,0060 para R$ 0,0035 por cada quilowatt consumido, e pela queda de 7,80% nas tarifas da Eletropaulo, que repassou ganhos de produtividade aos clientes.
Houve queda ainda nos preços dos ônibus urbanos (-0,22%), puxada por uma redução em Curitiba (onde as tarifas caíram de R$ 1,90 para R$ 1,80), e no preço do gás de cozinha (-0,35%).
Por regiões, o maior índice foi registrado em Goiânia (0,91%). A única região onde houve deflação foi o Rio de Janeiro, com -0,07%, por causa de concorrência entre supermercados, que conteve os preços dos alimentos. São Paulo registrou uma alta de 0,07%.

INPC
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) teve variação menor que o IPCA e ficou em 0,03% em julho. Segundo Eulina, todos os fatores contribuíram para que as famílias de baixa renda fossem mais beneficiadas. "O peso dos alimentos é grande e a queda foi significativa", disse.
O fato de os aumentos terem sido localizados nos itens telefonia fixa e combustíveis também contribuiu para que o INPC registrasse taxa menor, já que essas despesas têm menos peso nos orçamentos das famílias de baixa renda. O INPC refere-se a famílias com renda de um a oito salários mínimos.


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