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PREÇOS
Após deflação de junho, índice teve alta de 0,25% no mês passado, com aumentos localizados em apenas dois setores
IPCA sobe, mas ainda aponta ritmo menor
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Pressionado por aumentos localizados, principalmente nas tarifas de telefonia fixa e nos preços
dos combustíveis, o IPCA (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de
0,25% em julho. Apesar da ligeira
inflação, a maioria dos itens de
consumo pesquisados pelo IBGE
apresentou estabilidade ou mesmo queda nos preços, como no
caso dos alimentos. A principal
explicação para a estabilidade generalizada é o dólar baixo.
Segundo o IBGE, a análise dos
índices anteriores e dos acumulados também demonstra que a inflação está num movimento de
desaceleração. Em junho, o IPCA
recuou (-0,02%). No ano, acumula 3,42%, o menor resultado dos
primeiros sete meses desde 2000,
quando ficou em 3,28%.
Nos últimos 12 meses, o IPCA
está em 6,57%, também o menor
desde o de junho do ano passado
(6,06%). De acordo com o IBGE,
os números demonstram que a
inflação está em desaceleração.
Para agosto, não existem grandes pressões inflacionárias previstas para o IPCA. "Se esquecermos
telefonia e combustíveis, percebe-se que os outros itens ficaram
muito perto da estabilidade", disse a gerente do Sistema de Índices
de Preços do IBGE, Eulina Nunes
dos Santos.
Sozinha, a telefonia fixa respondeu por 60% do IPCA, com alta de
4,21% nas tarifas. O aumento é
parte dos reajustes autorizados
pela Anatel, e o impacto no índice
foi de 0,14 ponto percentual.
Já o peso das despesas com gasolina e álcool foi de 0,06 ponto
percentual. Em média, o álcool ficou 2,05% mais caro, e a alta acabou refletindo também no aumento de 0,87% no preço da gasolina, cuja composição inclui o
álcool anidro.
A explicação para a alta dos
combustíveis é que os preços vinham deprimidos ao longo do
ano e os produtores conseguiram
agora uma certa recuperação, por
causa de fatores climáticos. Apesar de o álcool estar sofrendo
pressões de alta em todas as regiões pesquisadas, o aumento dos
combustíveis foi concentrado em
Curitiba, São Paulo, Goiânia, Porto Alegre e Fortaleza.
Segundo Eulina, houve uma desaceleração grande em itens importantes e mesmo queda de preços, como no caso dos alimentos,
que registraram deflação de
0,77%. "A não-pressão sobre a inflação está muito convincente no
índice deste mês", afirmou.
Entre os 30 itens alimentícios
que registraram deflação -muitos em período de safra-, Eulina
destacou a queda nos preços da
carne (-1,85%), da batata inglesa
(-23,95%), do azeite (-6,71%), do
tomate (-6,19%), do feijão-preto
(-3,89%), do açúcar refinado
(-3,60%), do arroz (-2,63%), do
leite pasteurizado (-2,50%), do
óleo de soja (-2,21%) e do pão
francês (-0,97%).
Dólar
"Para a inflação como um todo,
atribuímos a queda mais generalizada e a estabilidade de preços basicamente à contribuição do dólar
baixo", explicou Eulina.
Mais diretamente, como nos
preços dos artigos de limpeza
(-0,02%) e dos artigos de TV e
som (-0,34%), ou indiretamente,
como na composição do preço
dos insumos agrícolas, o dólar teve importante papel na contenção
da inflação, segundo Eulina.
Os preços administrados também ajudaram. A energia elétrica,
por exemplo, apresentou uma
queda média de 0,35% nas tarifas,
apesar do aumento do PIS e da
Cofins no mês. A deflação é explicada pela redução no encargo de
capacidade emergencial (seguro-apagão), de R$ 0,0060 para R$
0,0035 por cada quilowatt consumido, e pela queda de 7,80% nas
tarifas da Eletropaulo, que repassou ganhos de produtividade aos
clientes.
Houve queda ainda nos preços
dos ônibus urbanos (-0,22%), puxada por uma redução em Curitiba (onde as tarifas caíram de R$
1,90 para R$ 1,80), e no preço do
gás de cozinha (-0,35%).
Por regiões, o maior índice foi
registrado em Goiânia (0,91%). A
única região onde houve deflação
foi o Rio de Janeiro, com -0,07%,
por causa de concorrência entre
supermercados, que conteve os
preços dos alimentos. São Paulo
registrou uma alta de 0,07%.
INPC
O INPC (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor) teve variação menor que o IPCA e ficou
em 0,03% em julho. Segundo Eulina, todos os fatores contribuíram para que as famílias de baixa
renda fossem mais beneficiadas.
"O peso dos alimentos é grande e
a queda foi significativa", disse.
O fato de os aumentos terem sido localizados nos itens telefonia
fixa e combustíveis também contribuiu para que o INPC registrasse taxa menor, já que essas despesas têm menos peso nos orçamentos das famílias de baixa renda. O INPC refere-se a famílias
com renda de um a oito salários
mínimos.
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