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ANÁLISE
Resultado reforça tese de queda dos juros
DA SUCURSAL DO RIO
O resultado do IPCA de julho,
com a inflação sob controle, reforçou a tese entre economistas
de que estão dadas as condições
técnicas para uma queda de pelo
menos 0,25 ponto percentual na
taxa básica de juros, a Selic.
Para Marcela Prado, da Tendências Consultoria, o resultado
do IPCA foi muito positivo. Segundo ela, a leve alta de 0,25% não
assusta porque foi conseqüência
de reajustes já esperados. "Mas
ainda há dúvidas se o Banco Central anuncia uma queda na taxa
Selic agora ou em setembro." De
acordo com a Tendências, a inflação prevista para o ano é de 5,5%.
Prado destacou que fica claro
que a inflação está controlada
quando se analisa que a média
dos núcleos dos índices inflacionários está próxima de 0,40%,
"um bom patamar". Em julho, o
núcleo desagregado do IPCA ficou em 0,36%, segundo o economista Carlos Thadeu de Freitas,
do grupo de conjuntura da UFRJ.
Essa medida exclui as maiores variações do índice e dilui o impacto
das tarifas em 12 meses.
Alex Agostini, analista da GRC
Visão, concorda que o quadro é
favorável. Mas, segundo ele, a inflação está controlada faz tempo e
hoje já poderia ser discutido se a
queda nos juros seria de 0,5 ponto
percentual ou mais do que isso.
"O BC é paranóico com juros e
controle da inflação. Eu não entendo por que não cai", disse.
Segundo Agostini, a alta do preço do petróleo e os números da
produção industrial podem servir
de argumentos para que o BC não
reduza os juros já no próximo
mês. Apesar disso, ele acredita
que a Selic caia em pelo menos
0,25 ponto percentual.
Para o economista, a pressão
que ainda existe na inflação é originada de preços administrados,
não do consumo. Em julho, o IPCA registrou alta de 0,84% nos
preços administrados, ao passo
que não houve inflação nos preços livres (0%). No cenário da
GRC Visão, a inflação do ano fica
em 5,7%, mas Agostini não descarta a possibilidade de atingir a
meta ajustada de 5,1%.
Segundo o economista da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha, o clima é
"excepcionalmente favorável"
para uma queda nos juros. Para
ele, entretanto, não importa se os
juros vão cair agora ou daqui a
um mês, mas é fundamental que a
queda seja consistente. "As condições para a queda significativa e
sustentada já existem pelo lado
econômico." Cunha destacou que
o dólar baixo vem permitindo
uma grande ajuda no controle
dos preços industriais e no varejo,
mas lembrou de possíveis efeitos
da crise política e citou a preocupação com a alta do petróleo.
O economista da Fecomércio-RJ João Carlos Gomes disse que a
trajetória da inflação está condizente com a meta ajustada de
5,1%. "A análise dos núcleos indica clara desaceleração e claro controle da inflação, já que a média
está abaixo da meta ajustada para
o ano", explicou. Segundo Gomes, como não há fontes de pressão previstas, já há espaço para
que os juros caiam, em agosto ou
setembro, pelo menos 0,25 ponto
percentual.
(LUCIANA BRAFMAN)
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