São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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ANÁLISE

Resultado reforça tese de queda dos juros

DA SUCURSAL DO RIO

O resultado do IPCA de julho, com a inflação sob controle, reforçou a tese entre economistas de que estão dadas as condições técnicas para uma queda de pelo menos 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic.
Para Marcela Prado, da Tendências Consultoria, o resultado do IPCA foi muito positivo. Segundo ela, a leve alta de 0,25% não assusta porque foi conseqüência de reajustes já esperados. "Mas ainda há dúvidas se o Banco Central anuncia uma queda na taxa Selic agora ou em setembro." De acordo com a Tendências, a inflação prevista para o ano é de 5,5%.
Prado destacou que fica claro que a inflação está controlada quando se analisa que a média dos núcleos dos índices inflacionários está próxima de 0,40%, "um bom patamar". Em julho, o núcleo desagregado do IPCA ficou em 0,36%, segundo o economista Carlos Thadeu de Freitas, do grupo de conjuntura da UFRJ. Essa medida exclui as maiores variações do índice e dilui o impacto das tarifas em 12 meses.
Alex Agostini, analista da GRC Visão, concorda que o quadro é favorável. Mas, segundo ele, a inflação está controlada faz tempo e hoje já poderia ser discutido se a queda nos juros seria de 0,5 ponto percentual ou mais do que isso. "O BC é paranóico com juros e controle da inflação. Eu não entendo por que não cai", disse.
Segundo Agostini, a alta do preço do petróleo e os números da produção industrial podem servir de argumentos para que o BC não reduza os juros já no próximo mês. Apesar disso, ele acredita que a Selic caia em pelo menos 0,25 ponto percentual.
Para o economista, a pressão que ainda existe na inflação é originada de preços administrados, não do consumo. Em julho, o IPCA registrou alta de 0,84% nos preços administrados, ao passo que não houve inflação nos preços livres (0%). No cenário da GRC Visão, a inflação do ano fica em 5,7%, mas Agostini não descarta a possibilidade de atingir a meta ajustada de 5,1%.
Segundo o economista da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha, o clima é "excepcionalmente favorável" para uma queda nos juros. Para ele, entretanto, não importa se os juros vão cair agora ou daqui a um mês, mas é fundamental que a queda seja consistente. "As condições para a queda significativa e sustentada já existem pelo lado econômico." Cunha destacou que o dólar baixo vem permitindo uma grande ajuda no controle dos preços industriais e no varejo, mas lembrou de possíveis efeitos da crise política e citou a preocupação com a alta do petróleo.
O economista da Fecomércio-RJ João Carlos Gomes disse que a trajetória da inflação está condizente com a meta ajustada de 5,1%. "A análise dos núcleos indica clara desaceleração e claro controle da inflação, já que a média está abaixo da meta ajustada para o ano", explicou. Segundo Gomes, como não há fontes de pressão previstas, já há espaço para que os juros caiam, em agosto ou setembro, pelo menos 0,25 ponto percentual. (LUCIANA BRAFMAN)


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