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AGRICULTURA
Governo cede a pressão de ruralistas para tentar destravar LDO
Pagamento de dívidas é adiado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fragilizado politicamente, o governo teve de ceder ontem às
pressões da bancada ruralista para tentar destravar no Congresso
a votação do projeto da LDO (Lei
de Diretrizes Orçamentárias), que
deveria ter sido aprovado no final
do primeiro semestre.
Os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda) e Roberto Rodrigues (Agricultura) enviaram aos
parlamentares do setor agrícola a
mensagem de que aceitariam
prorrogar para 2006 a maior parte
dos pagamentos dos empréstimos para o custeio da atual safra.
Segundo a promessa, as parcelas a serem pagas em junho, julho
e agosto deste ano ficariam para
março, abril e maio de 2006. Procurado pela Folha, o Ministério
da Agricultura não soube informar os valores envolvidos.
Apesar da concessão, os ruralistas -que comandam uma das
bancadas mais poderosas do
Congresso- seguem relutantes.
"Já nos prometeram muito e não
cumpriram. Agora, queremos ver
a medida tomada", disse o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO),
presidente da Comissão de Agricultura da Câmara.
Caiado fez uma contraproposta:
só concluir a votação da LDO depois da publicação no "Diário
Oficial" da União da decisão do
Conselho Monetário Nacional
prorrogando as dívidas.
Diante do impasse, a sessão da
comissão foi suspensa e não havia
sido retomada até o fechamento
desta edição.
O governo vem sofrendo derrotas e desgastes na tramitação da
LDO -que, como o nome indica,
estabelece os parâmetros para a
elaboração do Orçamento da
União para o ano seguinte. Oposicionistas e aliados, incluindo o
próprio PT, aproveitam a crise
política para pleitear vantagens e
reduzir o controle de gastos.
A primeira dificuldade foi criada pelos petistas, que, em junho,
introduziram no texto uma regra
segundo a qual o superávit primário (economia destinada a abater
a dívida pública) seria reduzido
na hipótese, muito provável, de
uma estimativa de crescimento
do PIB (Produto Interno Bruto)
abaixo de 4,5% em 2006.
Após negociações, o Ministério
do Planejamento conseguiu uma
alteração que, na prática, transformará tal regra -chamada de
política fiscal anticíclica- em letra morta: o superávit primário só
ficará abaixo da meta de 4,25% do
PIB com a garantia de que a dívida pública seguirá em queda no
ritmo médio de 2004 e 2005.
Ainda ontem, o ministro Paulo
Bernardo procurava a bancada do
PT preocupado com brechas na
nova versão do projeto, elaborado
pelo deputado Gilmar Machado
(MG), da esquerda petista. Segundo a Folha apurou, Bernardo avalia que o texto cria dificuldades
para o corte dos gastos a serem introduzidos pelo Congresso no Orçamento do próximo ano.
Depois de passar pela Comissão
de Orçamento, a LDO ainda precisa passar por votação no plenário do Congresso, em sessão conjunta da Câmara e do Senado. O
projeto de Orçamento, que precisa ser enviado ao Legislativo até 31
de agosto, está sendo elaborado
com base na última versão do texto de Machado.
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