São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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NEGÓCIO

Grupo vende cerca de 25% das ações ao Casino; a dívida, que cresceu 80% após a máxi, é de R$ 1,35 bi

Pão de Açúcar admite sócio francês

da Reportagem Local

Pressionado por dívidas e pela necessidade de continuar crescendo, o Pão de Açúcar anuncia hoje a venda, para o grupo francês Casino, de cerca de 25% das ações ordinárias do grupo, que pertencem à família Diniz.
O grupo, que sempre alardeou o fato de ter só capital nacional, é o segundo maior do setor de supermercados do país, com faturamento de R$ 5,4 bilhões em 98.
Com o intenso processo de expansão, está cada vez mais perto do primeiro colocado, o Carrefour, com faturamento de R$ 7 bilhões no ano passado.
Pelos cálculos da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), com as recentes aquisições, o Pão de Açúcar já fatura cerca de R$ 6,62 bilhões por ano. A receita estimada pela empresa para 99 é da ordem de R$ 7 bilhões.
O negócio, que envolve a venda das ações ordinárias para o grupo Casino, deve ser da ordem de US$ 550 milhões (R$ 1 bilhão), segundo analistas de investimento.
Abilio Diniz, presidente do grupo, detém 42% das ações; seu pai, Valentim dos Santos Diniz, 25% e Lucília Diniz, sua irmã, 9%. O restante está pulverizado.
Ao abrir mão das ações, Diniz estaria buscando recursos para reduzir o endividamento do grupo e também continuar com o seu plano de expansão.
O grupo fechou o primeiro semestre deste ano com dívidas da ordem de R$ 1,35 bilhão, 80% maior do que a de igual período de 98. O crescimento da dívida, segundo analistas de varejo, ocorreu por causa da desvalorização do real, pois 50% da dívida total da empresa estava em dólar.
O grupo fechou o primeiro semestre com prejuízo de R$ 61,9 milhões. Em igual período de 98 obteve lucro de R$ 78,3 milhões.
"A combinação da dívida e da necessidade de crescer explica a estratégia do grupo de procurar um parceiro estrangeiro", afirma Daniela Bretthauer, analista de investimento do banco Santander.
O fôlego financeiro do grupo para continuar crescendo, segundo analistas, dependeu de dinheiro emprestado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que já somou R$ 700 milhões. Agora Diniz estaria buscando outras fontes.
"Esse negócio abre espaço para o grupo crescer muito mais rapidamente. O dinheiro acabou e a empresa não quer parar de crescer", diz Marcelo Kayath, diretor de varejo para a América Latina do banco Garantia.


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