São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPORTES

Assembléia no Sul do país vai analisar situação; Nélio Botelho diz que parar agora seria oportunismo

Caminhoneiros podem retomar greve

da Agência Folha
e da Redação

Caminhoneiros da região Sul do país poderão entrar em greve novamente. A partir de uma reunião a ser realizada amanhã entre entidades de caminhoneiros do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, em Caxias do Sul (RS), devem ser marcadas assembléias.
""Não vamos decidir nada na quarta-feira (amanhã). Os sindicatos fazem sempre o que querem os caminhoneiros. Uma nova greve depende do que eles quiserem. Depois da reunião, devem ser consultadas as bases", disse o secretário-geral do Fecam (Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos), André Costa.
Questionado sobre a possibilidade de nova greve, duas semanas após uma outra paralisação quase ter desabastecido o país, Costa disse que isso deve ser perguntado aos caminhoneiros, que, segundo ele, ""estão insatisfeitos".
A reunião de amanhã tem, como pauta oficial, a avaliação da greve e de seus desdobramentos. A decisão pela greve pode ser consequência. Entre gaúchos, catarinenses e paranaenses, há 180 mil filiados ao Fecam.
Para aumentar ainda mais o descontentamento do caminhoneiros, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul derrubou ontem a redução de 28% na tarifa de pedágio para caminhões e de 20% na de carros, que havia sido determinada pelo governo do Estado em 14 de abril passado.
O presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, disse que as ameaças de novas paralisações devem ser vistas como "oportunistas".
Para Botelho, o sucesso da paralisação liderada por sua entidade no mês passado "mexeu com o ego de muitos líderes, que se sentiram melindrados" por não terem participado daquele movimento.
Ele afirmou que não há razão para uma nova greve porque "o governo está pronto para atender 100% das reivindicações feitas".
Sobre o aumento do óleo diesel, anunciado na semana passada e que motivou as novas ameaças de paralisação, Botelho disse que esse ponto não integrava a pauta de reivindicações.
"A promessa de congelamento do preço do diesel foi feita pelo ministro (Eliseu) Padilha, dos Transportes, e não a pedido nosso."
Está prevista para hoje, no Rio, uma reunião de líderes caminhoneiros de todo o país com o objetivo de criar uma associação nacional da categoria.

Protesto em Goiás
Um protesto iniciado na madrugada de ontem reuniu cerca de 300 caminhões no km 510 da BR-153, entre as cidades de Hidrolândia e Goiânia (GO).
A manifestação começou a ser esvaziada por volta das 11h. Uma equipe de policiais enviada ao local ameaçou multar os caminhões que estavam parados no acostamento.
De acordo com Erlande Antônio da Costa, superintendente da Polícia Rodoviária Federal em Goiás, o protesto foi iniciado por volta das 4h e foi coordenado por três caminhoneiros.
As duas pistas daquele trecho da rodovia que liga Goiânia ao Triângulo Mineiro foram bloqueadas com placas, cones e pedras.
Os caminhoneiros que passavam pelo local eram obrigados a entrar num posto de gasolina. Quem resistia à paralisação, segundo a polícia, era ameaçado de ter o caminhão apedrejado.
A Polícia Rodoviária Federal informou que nenhum incidente foi registrado.
A Agência Folha não conseguiu falar ontem com os líderes do movimento no local.



Texto Anterior: União deve entrar com recurso hoje
Próximo Texto: Dias admite usar tropas do Exército
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.