São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Moody's eleva de "B2" para "B1" a classificação de papéis brasileiros e cita nível alto de arrecadação

Nota da dívida sobe e retoma nível de 2002

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Moody's, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, elevou ontem a nota do Brasil. Com a medida, o país voltou ao nível de avaliação que estava em agosto de 2002, antes de ser rebaixado.
Com sua decisão, a Moody's mandou um recado aos investidores, o de que a probabilidade de o governo brasileiro deixar de pagar sua dívida externa diminuiu.
A dívida em moeda estrangeira do governo -títulos emitidos e negociados no exterior- teve seu "rating" (classificação de risco) elevado de "B2" para "B1". Em agosto de 2002, no turbulento período pré-eleitoral, a Moody's havia feito o caminho inverso, reduzindo a nota de "B1" para "B2".
Para justificar sua decisão, a Moody's afirmou que, além da expansão das exportações e a redução dos empréstimos em moeda estrangeira, o nível elevado de arrecadação do setor público está ajudando a estabilizar a relação entre o endividamento do governo e sua receita.
A reação do mercado financeiro foi discreta, pois a decisão era amplamente esperada. O dólar fechou estável, a R$ 2,90, e a Bovespa teve baixa de 1,1%.
"A melhora do "rating" sempre chega com atraso em relação aos fatos e apenas confirma uma situação de melhora já configurada. Com sua decisão, a Moody's apenas deixou o Brasil no patamar dado pelas outras agências de classificação", diz Paulo Gomes, da consultoria Global Invest.
A Moody's classifica como risco "B" as dívidas com baixa probabilidade de pagamento em períodos prolongados. Ao trocar a nota brasileira de "B2" para "B1", a agência elevou o país em um degrau dentro dessa categoria.
"Temos visto o Brasil retomar a rota do crescimento após um período prolongado de recessão. O investimento direto e o comércio do país têm se mostrado bem fortes", diz Jerome Booth, chefe de análises da Ashmore Investment Management.
O Brasil ainda segue quatro patamares abaixo do nível de "investment grade" (zona de segurança). Receber o conceito de "investment grade" significa pagar juros menores ao tomar empréstimos no exterior, tanto para o governo quanto para as empresas.
Ao dizer que o país é bom pagador, a agência avalia que, se o investidor emprestar dinheiro a ele -comprar títulos da dívida externa, por exemplo-, teoricamente não tomará calote.
Para Alexandre Póvoa, economista-chefe da Modal Asset, "a Moody's só corrigiu o erro de não ter elevado a nota antes. Certamente a situação do país é muito melhor que a de agosto de 2002, quando houve o rebaixamento". Póvoa diz que, se agência, além da elevação, tivesse colocado a nota em perspectiva positiva (indicação de alta), o mercado poderia ter respondido com ânimo.
Ainda ontem, outra agência, a Fitch, deu nota "B+" para o bônus emitido pelo governo brasileiro na quarta. O Brasil fechou uma operação de captação de 750 milhões pelo prazo de oito anos.


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