São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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Captação deve melhorar, dizem investidores

DE LONDRES

O anúncio da melhora da nota de avaliação do Brasil pela Moody's foi recebida como um indicativo de que as condições de fluxo de recursos ao país devem seguir melhorando.
"A notícia não me surpreende. As melhorias da economia que estão ficando claras agora já eram esperadas por nós desde o fim de 2003", disse José Carlos Miranda, chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, que participa de encontros com o governo britânico em Londres.
Segundo o diretor de mercados emergentes de um banco estrangeiro, em Londres, a Moody's, de certa forma, já estava atrasada em relação às outras grandes agências, Standard & Poor's e Fitch. Por isso, explica ele, o anúncio chegou a provocar um forte impacto no mercado, mas momentâneo.
Não quer dizer, no entanto, que a mudança não deva trazer conseqüências positivas para o Brasil. Segundo Paulo Leme, diretor de mercados emergentes do Goldman Sachs, a melhora da nota soberana de um país sempre significa a forte possibilidade de redução do custo de captações externas e o aumento dos fluxos cambiais:
"Esse movimento era esperado porque os fundamentos da economia brasileira hoje estão muito melhores e isso ocorreu, principalmente, porque a transição política foi extremamente ordenada", diz Leme.
O economista Paulo Vieira da Cunha, diretor do HSBC, em Nova York, afirmou que a Moody's dá um peso muito grande em suas avaliações para indicadores de solvência externa dos países, como as relações entre exportações e dívida e entre endividamento líqüido do governo e o PIB.
"Conforme esses indicadores foram melhorando, era esperado que a agência melhorasse o "rating" (nota) do Brasil."
Segundo ele e outros analistas ouvidos pela Folha, as condições de investimento para emergentes têm voltado a melhorar, ao contrário do que muitos imaginavam há dois meses. A emissão bem-sucedida de títulos do governo brasileiro anteontem e o anúncio da venda de papéis do governo da Turquia ontem são exemplos.
As razões para esse movimento são duas. Em primeiro lugar, as próprias condições econômicas e políticas domésticas de muitos países emergentes melhoraram. Também ajuda a expectativa por uma alta gradual de juros nos EUA.
"É um cenário ótimo para países emergentes porque eles devem continuar se beneficiando da recuperação norte-americana, que significa, por exemplo, melhores fluxos comerciais", diz Vieira da Cunha.
No curto prazo, há duas principais ameaças a esse cenário, ressaltam analistas. A primeira, de origem econômica, são possibilidades de que o preço do petróleo se mantenha em patamares elevados por muito tempo ou até subam mais. A outra, geopolítica, é que a continuação e possível piora da ocorrência de atentados terroristas levem a um aumento da aversão ao risco entre investidores. (ÉRICA FRAGA)


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