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Captação deve
melhorar, dizem investidores
DE LONDRES
O anúncio da melhora da nota de avaliação do Brasil pela
Moody's foi recebida como um
indicativo de que as condições
de fluxo de recursos ao país devem seguir melhorando.
"A notícia não me surpreende. As melhorias da economia
que estão ficando claras agora
já eram esperadas por nós desde o fim de 2003", disse José
Carlos Miranda, chefe da assessoria econômica do Ministério
do Planejamento, que participa
de encontros com o governo
britânico em Londres.
Segundo o diretor de mercados emergentes de um banco
estrangeiro, em Londres, a
Moody's, de certa forma, já estava atrasada em relação às outras grandes agências, Standard & Poor's e Fitch. Por isso,
explica ele, o anúncio chegou a
provocar um forte impacto no
mercado, mas momentâneo.
Não quer dizer, no entanto,
que a mudança não deva trazer
conseqüências positivas para o
Brasil. Segundo Paulo Leme,
diretor de mercados emergentes do Goldman Sachs, a melhora da nota soberana de um
país sempre significa a forte
possibilidade de redução do
custo de captações externas e o
aumento dos fluxos cambiais:
"Esse movimento era esperado porque os fundamentos da
economia brasileira hoje estão
muito melhores e isso ocorreu,
principalmente, porque a transição política foi extremamente
ordenada", diz Leme.
O economista Paulo Vieira
da Cunha, diretor do HSBC,
em Nova York, afirmou que a
Moody's dá um peso muito
grande em suas avaliações para
indicadores de solvência externa dos países, como as relações
entre exportações e dívida e entre endividamento líqüido do
governo e o PIB.
"Conforme esses indicadores
foram melhorando, era esperado que a agência melhorasse o
"rating" (nota) do Brasil."
Segundo ele e outros analistas ouvidos pela Folha, as condições de investimento para
emergentes têm voltado a melhorar, ao contrário do que
muitos imaginavam há dois
meses. A emissão bem-sucedida de títulos do governo brasileiro anteontem e o anúncio da
venda de papéis do governo da
Turquia ontem são exemplos.
As razões para esse movimento são duas. Em primeiro
lugar, as próprias condições
econômicas e políticas domésticas de muitos países emergentes melhoraram. Também
ajuda a expectativa por uma alta gradual de juros nos EUA.
"É um cenário ótimo para
países emergentes porque eles
devem continuar se beneficiando da recuperação norte-americana, que significa, por exemplo, melhores fluxos comerciais", diz Vieira da Cunha.
No curto prazo, há duas principais ameaças a esse cenário,
ressaltam analistas. A primeira,
de origem econômica, são possibilidades de que o preço do
petróleo se mantenha em patamares elevados por muito tempo ou até subam mais. A outra,
geopolítica, é que a continuação e possível piora da ocorrência de atentados terroristas levem a um aumento da aversão
ao risco entre investidores.
(ÉRICA FRAGA)
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